A verdade é que Alguém se interessava, e se interessa. As pessoas  que mais freqüentemente se ajuntavam ansiosamente em volta de Jesus durante  os seus dias de ensinamento eram os rejeitados, aquele grande grupo de homens e  mulheres que conheciam bem seus próprios fracassos morais e espirituais e eram  forçados a sentirem-nos ainda mais agudamente por uma elite religiosa que os via  como inúteis e indignos. Jesus os tocava intensamente porque ele tão obviamente  valorizava e se interessava por eles mesmo quando os chamava para arrependerem-se e seguirem-no.
Tal foi o caso quando Jesus ensinou aquela bem conhecida trilogia de  parábolas concernentes às coisas perdidas que somente Lucas registra (Lucas 15).  (Mateus de fato coloca a história da ovelha perdida num discurso anterior sobre humildade, Mateus 18:12-14). Grandes multidões tinham vindo ouvir Jesus  pregar, enquanto um grupinho de fariseus cada vez mais antagonistas resmungava  seu desdém por “este homem” que “recebe pecadores e come com eles” (Lucas 15:2). Jesus fez  uma pausa em seu ensinamento para responder novamente a seus críticos que,  em sua cegueira, continuavam repetindo uma acusação que não somente o elogiava,  como indiciava severamente os acusadores.
Jesus pregava o evangelho do reino não como se fosse para aqueles que, como imaginavam, tinham se tornado dignos dele, mas como uma porta  aberta a todos. A mensagem dos fariseus era uma mensagem de reforma de modo a ser  digno finalmente para um chamado ao reino. O evangelho de Jesus era para  pecadores como eram, prometendo perdão e boas vindas a cada coração crente e  penitente. Realmente, como as duas primeiras parábolas confirmam, Jesus era pior do  que os fariseus o tinham descrito. Ele não somente recebia pecadores mas  continuava buscando-os!
Não há dúvida de que estas três parábolas sobre coisas perdidas e pessoas perdidas sejam dirigidas principalmente aos ataques dos fariseus. Elas  começam muito enfaticamente como um apelo à natureza humana. Elas contêm o tipo  de argumento “o que você faria?” que o Senhor freqüentemente usava (Lucas 14:5). O que qualquer pastor faria se perdesse uma ovelha? O que ele  faria se a achasse? E o que uma dona de casa faria se perdesse algum dinheiro? E o  que ela faria se o achasse? Tudo sobre estas ilustrações é tão natural que nem precisa de explanação. Todas as pessoas, até mesmo os fariseus, sentem  falta de coisas perdidas e se regozijam grandemente quando são recuperadas,  mesmo coisas tão mundanas como uma ovelha ou uma moeda. Está implícito em seu argumento: Certamente, um ser humano, ainda que degradado, vale tanto  quanto qualquer destas coisas!
Interrogando ainda mais, Jesus está perguntando: “O que faríeis se perdêsseis um  filho? O que faríeis se o encontrásseis de novo? E, se estivésseis onde Deus  está e tivésseis perdido todos estes ‘filhos’ o que faríeis? E como vos  sentiríeis se eles voltassem ao lar novamente? Se não entendeis o que estou  fazendo, tentai entender-vos a vós mesmos!”
Esta foi a defesa parabólica de Jesus de sua preocupação com a recuperação  moral dos degradados e sua crença que isso era absolutamente possível e digno.  Para seus críticos, os coletores de impostos e pecadores eram somente insignificantes pedacinhos de refugo humano sem esperança, para com os  quais eles eram indiferentes. Incoerentemente, estes seres humanos, feitos à  imagem de Deus, valiam menos para os fariseus do que uma ovelha comum ou um dia  de salário. Por elas não tinham interesse nem alegria. Estas parábolas dizem que era  o comportamento dos fariseus que não era natural, até mesmo sub-humano, e  não o do Senhor.
Na terceira e mais forte destas suas três parábolas, Jesus passa da defesa  de seu próprio amor incompreendido para a repreensão dos fariseus pela falta  dele. Ele lhes mostrou como deveriam ter sido; agora ele mostrar-lhes-á como  eles são. O foco da Parábola do Filho Pródigo não está no “pródigo”, mas no irmão mais velho, que retrata de modo sombrio e trágico a atitude dos escribas  egoístas.
Contudo mesmo nesta história de repreensão severa há amor e rogo àqueles a quem  ela é dirigida. É um convite à alegria, um convite a partilhar o amor dele e  do Pai pelos homens e mulheres perdidos de todas as qualidades; mas há uma  estrada dura e humilhante que eles precisam trilhar antes que estejam prontos a  recebê-la. E antes que acabe, eles ficarão assustados ao saberem que aqueles que  eles tanto tinham desprezado já tinham feito a jornada antes deles.
Nestas parábolas talvez mais do que em qualquer outra é revelado o trabalho e o  propósito reais do reino do céu. Perder este foco sobre o povo perdido, a sincera  busca para encontrá-lo, a alegria entusiástica pela volta deles, é perder o  Cristo que os ensinou.
–por Paul Earnhart
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