Eu não poderia dar uma definição melhor do que a que está expressa nestas palavras de Isaías: "Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e inteligentes na sua própria opinião!"  Humanismo é a crença na humanidade. E o interesse ape¬nas nos homens e  mulheres, sem levar Deus em consideração. Ele exclui Deus porque crê que  os seres humanos são suficientes em si mesmos. Esta é a verdadeira  essência do Humanismo. O homem é o centro do universo, e não há nada  maior nem mais grandioso.
Existem  dois tipos principais de Humanismo: o que é chamado de "Humanismo  clássico", o que significa que para sua direção na vida e entendimento  da mesma você não vai à Bíblia, mas retorna à literatura, à filosofia,  ao drama e à poesia gregos. Os humanistas clássicos são pessoas que  estudam os grandes autores gregos e conduzem sua vida de acordo com seus  ensinos.
Não  é função do ensino cristão desacreditar os gregos. Eles foram realmente  grandes homens. O Humanismo, porém, clássico ensina que não há nada  além deles, e que se você desejar sabedoria deve retroceder ao  pensamento e à meditação dessas mentes gigantes do passado. Você os  estuda e raciocina com eles, e tenta entender o que pensavam e o que nos  deixaram. Procura, então, pôr aquilo em prática. Este é, no mundo  presente, o modo de viver uma vida boa e harmoniosa.
A  outra forma que o Humanismo toma é a conhecida como "Humanismo  científico". O clássico representa o poético, o filosófico, e assim por  diante. Por outro lado existe a perspectiva científica, a abordagem que  diz que a resposta para os problemas do mundo não virá da filosofia  grega ou poética mas da percepção científica de todo o universo,  incluindo os seres humanos.
Este  é o mais moderno dos dois tipos de Humanismo. Ele reivindica ser novo  porque as descobertas são, no mínimo, comparativamente recentes,  retrocedendo pouco menos que uns 400 anos, no máximo. Ao investigar os  mistérios do universo e sua constituição, você descobre a verdade  científica sobre a vida, e, a partir daí, começa a trabalhar seu próprio  esquema de vida.
Temos  que examinar isso porque, aqui em Isaías, está dito que esta confiança  na sabedoria humana leva ao "ai". Mas vamos ser claros sobre isso. Não é  parte da argumentação pró-evangelho pregar a desvalorização do  intelecto. Na verdade, isto é o oposto do ensino do Evangelho. O  Evangelho dá muito valor ao intelecto. Que ninguém pense que o que  Isaías quer dizer é que não há nenhum valor em se ter um cérebro, ou na  habilidade em usá-lo, ou no entendimento, no poder da razão, e assim por  diante. Não se trata disso. Não há nada errado com o intelecto ou com o  saber em si. Na verdade, a Bíblia diz-nos que o mais alto dom que Deus  deu a homens e mulheres no campo dos talentos - não estou falando da  alma e do espírito, mas de dons, - é o da mente, da razão e do  entendimento.
O  que é verdadeiramente maravilhoso sobre os seres humanos é que eles  podem contemplar-se a si mesmos, analisar-se, avaliar-se e criticar-se a  si próprios. Este é um tremendo dom, segundo a Bíblia, dado por Deus.  Então, não devemos dizer nada que desvalorize o intelecto, a razão ou a  mente. O pregador cristão não é apenas um sentimentalista ou um  obscurantista. Não é apenas um homem que conta histórias e tenta  divertir as pessoas. Ele está aqui para raciocinar com elas, porque Deus  lhe deu uma mente para ser usada. Mas, como vou mostrar, a verdadeira  explicação para o problema do mundo é o fato de que as mentes se  corromperam, e o homem não sabe como usá-la adequadamente.
Qual  é, então, a atitude da Bíblia com relação ao Humanismo? E que,  conquanto esteja tudo certo com a mente, o entendimento e a razão, o  erro das pessoas está em colocarem sua confiança na mente. Elas têm  tanto orgulho dela que começam a adorá-la. Pensam que é suficiente em si  mesma, e nada além é necessário. O problema tem início quando começam a  se gabar da razão e a acreditar que, com sua mente, podem envolver o  cosmos inteiro. Esta afirmativa de Isaías define perfeitamente essa  questão - "Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos." Eles se  colocaram num pedestal. "Olhe para mim" - dizem -, "não sou mesmo  maravilhoso?" "Sábios a seus próprios olhos, e inteligentes na sua  própria opinião." Não há nada errado em ser sábio, mas, se você for  sábio a seus próprios olhos, estará em uma situação muito perigosa. É  excelente ser inteligente, mas, se você for inteligente na sua própria  opinião, estará sob a condenação proferida pelo profeta.
Eu  creio que isto ficou claro. Longe de querer dizer que não há valor no  intelecto, o que desejo é usar o pouco que tenho, e vou pedir-lhe que  faça o mesmo!
Por  que Deus pronuncia um "ai" sobre aqueles que são sábios a seus próprios  olhos, e adoram seu cérebro e entendimento: os humanistas? A primeira  resposta é a de que esta é a própria essência de seus problemas e males;  esta é a causa principal de todos os males da raça humana. Leia a  Bíblia e verá que ela diz que este foi seu pecado original, e assim tem  sido desde então. A tentação que primeiro veio ao homem e à mulher, como  já vimos, foi: "Será que Deus disse?" (Gênesis, 3:1). Em outras  palavras: Será que Deus está tentando reprimi-lo? Estará tentando  colocar-se entre você e o conhecimento do bem e do mal? Será que está  buscando esconder algo de você?
"Está"  - disse o diabo -, "porque ele sabe que, se vocês comerem do fruto,  vocês serão deuses, terão entendimento, saberão tudo, serão iguais a  ele."

Nenhum comentário:
Postar um comentário