“Pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito” (Efésios 2:18)
A  Bíblia ensina que devemos orar por intermédio do Filho, ao Pai, através  do Espírito. Mas nem todos têm o Filho (1João 5:12), e nem todos têm o  Espírito (Romanos 8:9); logo, nem todos podem orar ao Pai. É importante  compreender a relação entre a oração e a exclusividade do Cristianismo,  pois se nem todos têm acesso a Deus, então aquele que ora mais  adequadamente tem uma percepção correta acerca do que e de quem ele é  perante Deus. Ele ainda é um inimigo de Deus, ou Deus mudou o seu  coração e deu-lhe a dádiva da fé para abraçar o evangelho?
A  exclusividade do Cristianismo continua a ser importante e relevante  para o cristão, uma vez que ele deve reter um senso de gratidão e  reverência pelo fato de ter sido escolhido para aproximar-se de Deus:  “Bem-aventurado aquele a quem escolhes e aproximas de ti, para que  assista nos teus átrios; ficaremos satisfeitos com a bondade de tua casa  – o teu santo templo” (Salmos 65:4). Antes do que ter a arrogante e  tola atitude de que Deus deveria agradecer ao homem por crer no  evangelho, o indivíduo humano deve desenvolver sua nova vida “em temor e  tremor” (Filipenses 2:12-13), ciente de que é aceito na presença de  Deus somente por causa do prazer e critério do próprio Deus.
O  cristão não fez nada para merecer a salvação, e em si mesmo não é  melhor do que o não-cristão, que será condenado ao castigo eterno no  inferno. Assim, o cristão não pode se vangloriar de nada, seja pelo seu  bom senso em escolher a Cristo, visto que Cristo diz “vocês não me  escolheram, mas eu os escolhi” (João 15:16), ou seja pela sua  superioridade moral, visto que “como os outros, éramos por natureza  merecedores da ira” (Efésios 2:3). Assim, portanto, aquele que se gloria  não glorie-se em si mesmo, mas glorie-se no que Deus fez por ele em  Cristo (1 Coríntios 1:31).
O  cristão em si não era intelectual e moralmente superior ao não-cristão.  Mas não faça confusão neste ponto – uma vez que Deus o muda e salva, o  cristão é de fato intelectual e moralmente superior. Falsa humildade e  ignorância bíblica podem justificar a negação desse ponto por muitos  crentes, mas a Bíblia ensina que somos iluminados e santificados em  Cristo, e que o nosso crescimento espiritual envolve acréscimo em  conhecimento e santidade. Além disso, a Bíblia chama os descrentes de  tolos e perversos em contraste com aqueles que têm sido mudados por Deus  através de Cristo.
Se  você não tem sabedoria superior, como Deus define sabedoria, então você  não tem sido iluminado; se você não tem um caráter superior, como Deus  define caráter, então você não tem sido transformado. Logo, se você não é  intelectual e moralmente superior aos incrédulos, Deus não fez nenhuma  obra em você, e você não é nem mesmo um cristão. Negar que os cristãos  são intelectual e moralmente superiores aos não-cristãos é contradizer a  Escritura e insultar a obra de Deus.
O Espírito Santo dá aos cristãos acesso a Deus, tornando possível a oração. Mas ele nos auxilia também em outro aspecto:
“Da  mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos  como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos  inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do  Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a  vontade de Deus” (Romanos 8:26-27).
Alguns  dos gregos compreenderam as nossas limitações no que diz respeito a  orar, chegando a conclusões similares sobre esse ponto: “Pitágoras  proibiu seus discípulos de orarem por si mesmos, porque, disse ele,  nunca poderiam em sua ignorância saber o que lhes era mais conveniente.  Xenófanes nos conta que Sócrates ensinou seus discípulos a tão somente  orar por coisas boas, sem tentar especificá-las, deixando Deus decidir  no que consistiam essas coisas boas”. 
O  cristão não está em tal condição infeliz, uma vez que a Escritura  revela um considerável nível de conhecimento sobre a vontade de Deus,  por onde podemos deduzir muita informação para entender e interpretar  nossas situações particulares. A Bíblia em si reivindica ser suficiente,  o que significa que se você tem um conhecimento completo do seu  conteúdo, e se segue plenamente o que ela ensina, nunca irá transgredir a  vontade de Deus. É claro, ninguém tem um conhecimento completo da  Bíblia, e ninguém a segue plenamente, e assim precisamos regularmente  pedir perdão a Deus. O ponto é que a Bíblia em si contém informação  suficiente, e então quando falhamos em ter uma vida perfeita diante de  Deus, não podemos nunca dizer que isso acontece porque a Bíblia seja  insuficiente (2Pedro 1:3).
Isso  dito, uma vez que com freqüência não sabemos tudo sobre uma situação,  incluindo mesmo a nossa, e desde que não podemos conhecer todas as  relações entre vários eventos e escolhas, algumas vezes não sabemos o  que é o melhor para se orar em alguma situação. Podemos saber o que  queremos quando isso envolve a nossa vida pessoal, porém mesmo neste  caso não podemos saber se o que desejamos é sempre o melhor, ou se isso  se conforma ao propósito específico que Deus tem para as nossas vidas.
Isso  corresponde a dizer que não somos oniscientes, e não que a Escritura  disponha informação insuficiente. Não é pecado falhar em conhecer tudo,  mas aqui reside o problema prático de não saber o que orar. Isto é, não é  uma questão de carecer da informação necessária para exercer a  santidade, uma vez que a Escritura é de fato suficiente, mas é uma  questão de incapacidade prática em decorrência das nossas limitações  humanas.
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