Os efeitos de um ensino carnal no cristianismo geram grandes e terríveis erros. A Bíblia ensina que “Nos  últimos dias sobrevirão dias difíceis, pois os homens serão egoístas  (amantes de si mesmos), avarentos, jactanciosos, arrogantes,  blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,  traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de  Deus...”.
Onde está o coração do homem, aí estão seus afetos também; e enquanto o coração do homem não for liberto do amor ao “EU”,  então sua vida estará cheia dos demais pecados. Deus odeia a avareza e  nos livra dela quando nos dá nova vida em Cristo Jesus. “E assim se  alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram;  eis que se fizeram novas” (II Co 5.17)
A Palavra de Deus nos chama a uma vida de abnegação na qual devemos olhar para “coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.2). Portanto,  visto que nosso Senhor estava tão contrário à avareza, advertiu muitas  vezes a seus seguidores nos evangelhos contra o ser amantes de si  mesmos. Devemos deixar nosso próprio caminho e o amor próprio. Agora,  enquanto começamos a ver estas coisas nas Escrituras, decidir se um  homem, cuja vida é controlada por este pecado, pode ser um verdadeiro  filho de Deus. Não será mais uma alma enganada por este evangelho falso  que ensina existir crente carnal?
Em  Lucas 14.26 ouvimos o Senhor pronunciar estas palavras assombrosas: “Se  alguém vem a mim e não aborrece a sua pai, e mão, e mulher, e filhos, e  irmãos e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.”  Sim, são palavras assombrosas, mas são palavras do Filho de Deus e Ele  não pode mentir. Em outras palavras, ele está dizendo que quando uma  pessoa O ama e O segue neste mundo mal, é como se aborrecesse a seu  próprio pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs; e ainda a sua própria  vida também. É a única ocasião em que Jesus fala dessa forma. Em Mateus  16.24-25 diz: “Então disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quiser vir  após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto,  quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perdê-la por minha  causa achá-la-á.” Ou seja, se procuro salvar a minha vida por não  praticar a abnegação na fé cristã, vou perdê-la toda. Na verdade, não a  tenho salvo, mas a perdi toda. Mas se perco a minha vida por amor de  Cristo, e deixo de amar a mim mesmo, então a guardarei por toda a  eternidade. Logo vemos em João 12.25: “Quem ama a sua vida perde-a; mas  aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida  eterna.” Bom, se segues acariciando-te e não te negas a ti mesmo, mas  segues fazendo o que te convém para satisfazer aos desejos da carne, os  desejos dos olhos e a soberba da vida, perderás essa vida que tens  procurado salvar e amar; porém, o que aborrece sua vida neste mundo,  para a vida eterna a guardará.
O  que nosso Senhor está dizendo aqui é que não há nenhum lugar em seu  reino para os “amantes de si mesmos”. Porque seu reino se compõe  daqueles que O amam sobre tudo e negam-se a si mesmos. Novamente vemos  que aquele que ama mais a sua vida que a Cristo perdê-la-á, mas o que  aborrece sua vida neste mundo, preferindo o favor de Deus e mostrando  mais interesse em Cristo que em sua própria vida guardá-la-á para a vida  eterna.
Além  disso, vemos nas Escrituras a conseqüência final de um amor excessivo  por nossa vida, um amor excessivo por nosso “ego”. Muitos há que se  enamoram demasiadamente de si mesmos e perdem suas vidas por causa desse  amor. Aquele que ama sua vida animal ou suas paixões tanto que satisfaz  seus apetites e alimenta seus desejos da carne, encurtará seus dias e  perderá a vida que tanto estima; não herdará essa vida infinitamente  melhor que é a vida eterna com Cristo em glória depois da morte. Aquele  que está tão enamorado, tanto da vida deste corpo com seus ornamentos e  deleites que até negaria a Cristo em vez de perdê-la, perdê-la-á; isto  é, perderá uma felicidade no mundo vindouro, enquanto procura segurar-se  numa vida imaginária neste mundo presente.
Este  é o erro fatal deste falso evangelho do Cristianismo carnal que tem  produzido este fruto de “amantes de si mesmos”, ou seja, o egoísmo.  Sustentam que estamos vivendo em um século mais iluminado e  conseqüentemente devemos amar-nos a nós mesmos, amar o dinheiro e o  prazer. Não teria Cristo vindo ao mundo para dar-nos vida e vida em  abundância? Não somos filhos do Rei e não devemos Ter melhor qualidade  de vida? Sim, Jesus disse que veio para dar vida, e vida abundante (Jo  10.10), porém lembremos que Ele veio para dar vida espiritual a Seu  povo, a qual é uma vida abundante, não se trata de uma vida de  abundância material que só produz mais amor a nós mesmos e mais amor ao  dinheiro e ao prazer e no fim a condenação de nossas almas. Se nossa  alma está inclinada a estas coisas, nossas afeições são más devido ao  pecado.
Esses  são os argumentos de quem deseja continuar em seus pecados e deseja  viver em dois reinos ao mesmo tempo: “O Senhor não quer que amemos ao  nosso próximo? Como podemos amá-lo se não sabemos amar a nós mesmos? Não  sabes que se não aprendermos a amar a nós mesmos corretamente não  poderemos amar ao nosso próximo?” Não nos deixemos enganar por esse  raciocínio carnal, mesmo que nos pareça merecedor de crédito, pois as  Escrituras não ensinam isso. A razão pela qual as pessoas utilizam este  argumento carnal e distorcem as palavras do nosso bendito Salvador em  Mateus 22.34-40, entendendo-as num sentido errado, é que não desejam  amar o próximo, mas que querem dedicar-se mais aos prazeres e deleites  deste mundo. Isso vemos quando analisamos com sinceridade. Dessa  maneira, entregam-se a viver num mundo onde eles mesmos é que mandam. As  desculpas apresentadas são: “Tenho que amar-me, devo buscar minhas  raízes. Necessito de mais auto-estima!” Crêem que necessitam de tudo  isso, mas isso poderá levá-los à condenação. Têm uma forma de piedade,  porém vivem para si mesmas.
Vejamos  um exemplo bíblico de alguém que perdeu sua vida por Cristo, porém, na  verdade a salvou. Estamos falando de Saulo de Tarso, que se converteu em  Paulo, o cristão, um filho de Deus e missionário. Ele disse: “Eu tinha  muito amor próprio, me estimava bastante e tinha confiança na carne,  porém, quantas coisas eram para minha ganância [esse egoísmo, essa  grande auto-estima e essa confiança na carne]. Tudo isso tenho  considerado como perda por amor de Cristo. Certamente tenho tudo como  perda pela excelência do conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor, por  amor do qual tenho perdido tudo considerando todas as coisas como refugo  para ganhar a Cristo e ser achado nEle, não tendo justiça própria que é  pela lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede  de Deus pela fé” (parafraseado – Fp 3.4-9).
Novamente  Paulo diz em Romanos 7.9: “Outrora, sem a lei, eu vivia; mas sobrevindo  o preceito, reviveu o pecado, e eu morri” – ao meu egoísmo, minha  auto-estima e minha confiança na carne. A estima de Paulo era de que ele  se tratava pecador que merecia o inferno, que estava debaixo da ira  justa de Deus. Paulo manteve este conceito e postura de si mesmo até sua  morte. Depois de sua conversão ele se referia a si mesmo como “o menor  dos apóstolos” (I Co 15.9). “A mim, o menor de todos os santos, me foi  dada esta graça...” (Ef 3.8); ele se denominou o principal dos pecadores  (I Tm 1.15); disse também: “...ainda que nada sou” (II Co12.11). Aqui  não vemos nenhum egoísmo nem confiança na carne, porém aqui havia uma  pessoa que havia aprendido da primeira bem-aventurança: “Bem aventurados  os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mt 5.3).  “Nada sou; não sou nada; de mim mesmo não posso fazer nada.” Desta forma  o apóstolo se via ao crer na graça de Deus. Assim vemos a verdade de  João 12.25, ilustrada em Paulo, que havia sido anteriormente Saulo de  Tarso: “Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida  neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.”
Tu  amas a ti mesmo mais do que a Deus? Estimas-te ou te amas muito? Tens  confiança na carne? Se é assim, o “ego” é o teu ídolo, e nenhum idólatra  pode entrar no reino dos céus (I Co 6.9); devemos fugir da idolatria (I  Co 10.14). Os verdadeiros filhos de Deus adoram a “Deus no Espírito, e  nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (Fp 3.3).  “Amantes de si mesmos mais que de Deus” são fruto desse evangelho de um  cristianismo carnal. Cristo disse que aquele que não negasse a si mesmo e  não O seguisse não poderia ser Seu discípulo. O verdadeiro Evangelho da  graça de Deus diz: “Bem-aventurados os humildes de espírito”, e o homem  que é pobre de espírito sabe que não é nada, que não tem nada e não  pode fazer nada sem a graça de Deus. Portanto, ele não ama sua própria  vida, senão que a aborrece neste mundo para que a possa guardar por meio  da graça de Deus, por toda a eternidade.
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