Quanto  mais um verdadeiro cristão ama a Deus, mais deseja amá-10 e mais  inquieto fica por sua falta de amor por Ele. Quanto mais um verdadeiro  cristão odeia o pecado, mais deseja odiá-lo e se desagrada por ainda o  amar tanto. No máximo, os cristãos têm nesta vida um antegozo de sua  futura glória. O crente mais destacado é somente uma criança comparado  com o que será no céu. É por isso que os mais altos graus de santidade  alcançados pelos crentes neste mundo não extinguem seu desejo por obter  santidade ainda maior. De fato, tornam-se mais ávidos a seguir em  frente: "Uma coisa faço: esquecendo--me das coisas que para trás ficam e  avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o  prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Todos, pois, que  somos perfeitos, tenhamos este sentimento" (Fil. 3:13-15).
Alguns  podem contra-argumentar: "Como pode esse empenho incessante ser  consistente com a satisfação trazida pelo prazer espiritual?" Não há  inconsistência nisso. O prazer espiritual satisfaz a alma no que diz  respeito a:
(i)  O prazer espiritual é perfeitamente adaptado à natureza e às  necessidades da alma humana. A pessoa que tem esse prazer nunca se cansa  dele. É a alegria mais profunda e ela nunca a trocaria por qual¬quer  outra; isso não significa, entretanto, que uma pessoa ao experi¬mentar  algum prazer espiritual não deseje mais do mesmo prazer.
(ii)  O prazer espiritual responde às nossas expectativas; grande desejo  produz grande expectativa. Quando recebemos alguma alegria mundana que  desejamos muito, ela muitas vezes nos desaponta, no entanto, isso não  ocorre com os prazeres espirituais! Sempre estão de acordo com nossas  expectativas.
(iii)  O prazer espiritual satisfaz a alma até o limite em que é capaz de  receber satisfação. Mesmo assim, há espaço para a capacidade da alma  expandir-se infinitamente. Se não estivermos satisfeitos espiritualmente  na medida como poderíamos ser, o erro é nosso. Não estamos abrindo  nossa boca o suficiente.
O  prazer espiritual, então, satisfaz de fato a alma nesses aspectos. Ele  vem de encontro às nossas necessidades mais profundas; está de acordo  com nossas expectativas e nos enche de acordo com nossa capacidade a  receber. Tudo isso é perfeitamente coerente com estar sempre sedento por  mais, até que nosso prazer se torne perfeito.
As  alegrias da religião falsa são diferentes. Quando convicto de pecado e  temeroso do inferno, a pessoa pode desejar luz espiritual, fé em Cristo,  amor por Deus. Quando experiências falsas levam-no a pensar que está  salvo, contenta-se com isso. A pessoa não deseja mais graça e santidade,  especialmente se suas experiências tiverem sido muito impressionantes.  Não vive para Deus e Cristo no presente, mas vive em dependência de sua  conversão no passado.
O  verdadeiro cristão é totalmente diferente. Está constantemente  procurando a Deus. De fato, "Aqueles que buscam a Deus" é uma das formas  em que a Bíblia descreve os verdadeiros crentes. "Vejam isso os  aflitos, e se alegrem: quanto a vós outros que buscais a Deus, que o  vosso coração reviva" (Sal. 69:32). "Folguem e em ti se rejubilem todos  os que te buscam" (Sal. 70:4). As Escrituras delineiam a procura e a  diligência do cristão como algo que ocorre principalmente depois de sua  conversão. As Escrituras estão tratando daqueles que já são cristãos,  quando fala sobre correr a corrida, lutar com principados e poderes,  levar avante, continuar em oração, clamar a Deus dia e noite.  Infelizmente, muitos hoje caíram num modo de falar não bíblico, como se  todas as suas lutas e diligências fossem antes de suas conversões e  agora, como cristãos, tudo é paz e tranqüilidade.
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