Os  demônios não têm grau de santidade, e, portanto, as coisas que não  estão além do que eles são sujeitos, não podem ser experiências santas.
O Diabo outrora era santo, mas, quando caiu, perdeu toda a santidade e ficou inteiramente mau. Ele é  o maior pecador e, em certo sentido, o pai de todo o pecado: "Vós  tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai;  ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque  não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é  próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44); "Quem comete o  pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio" (1 Jo 3.8).  Ele é mencionado, à guisa de eminência, como "o maligno": "Vem o maligno  e arrebata o que foi semeado no seu coração" (Mt 13.19); "O joio são os  filhos do Maligno" (Mt 13.38); "Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o  maligno" (1 Jo 2.13); "Não como Caim, que era do maligno" (1 Jo 3.12);  "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de  Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca" (1 Jo  5.18). Os demônios são chamados espíritos malignos, espíritos maus,  espíritos imundos, potestades das trevas, príncipes das trevas deste  século e a própria maldade: "Porque não temos que lutar contra carne e  sangue, mas, sim, contra ps principados, contra as potestades, contra os  príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da  maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6.12).
As coisas das quais a mente dos demônios  estão sujeitas não podem ter nada da natureza da verdadeira santidade.  O conhecimento e entendimento que eles têm das coisas de Deus e da  religião não podem ser da natureza da luz divina e santa, nem  conhecimento que seja do mesmo tipo. Não há impressão feita em seus  corações que possa ser de natureza espiritual. Esse tipo de sentimento  que eles têm das coisas divinas, ainda que grande, não pode ser  sentimento santo. Tais afetos que movem os corações, ainda que  poderosos, não podem ser afetos santos. Se não há santidade no coração  dos demônios, não pode haver santidade no coração dos homens, a menos  que algo lhes fosse acrescentado além do que está nos demônios. Se algo lhes é acrescentado, então não são as mesmas coisas, mas é algo além do que m demônios  estão sujeitados, premissa que é contrária à suposição* pois a  proposição que defendo é que essas coisas são da mesma natureza e não há  nada além do que os demônios estejam sujeitos que não possa ser  experiência santa. Não é o sujeito que torna santo o afeto ou a  experiência ou a qualidade, mas é a qualidade que torna santo o  sujeito.
Se essas qualidades e experiências  das quais os demônios estão sujeitos não têm nada da natureza de  santidade, então não podem ser evidência clara de que as pessoas que as  tenham sejam santas ou tenham a graça. Não é evidência clara de  verdadeira graça, mas das coisas que são espirituais e da graça. E a  imagem de Deus que é o selo e marca, a estampa pela qual os que lhe  pertencem são conhecidos. Mas aquilo que não tem nada da natureza de  santidade não tem nada desta imagem. Aquilo que é sinal seguro de  graça, ou deve ser algo que tenha a natureza e essência da graça, ou  flua, ou de algum modo pertença à sua essência, pois aquilo que  distingue as coisas umas das outras é a essência ou algo pertencente à  sua essência. Aquilo que às vezes encontra-se inteiramente sem a essência da santidade ou graça não pode ser marca essencial, segura ou distintiva da graça.
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