As  convicções que os homens naturais podem ter acerca do seu pecado e  miséria não é esta luz espiritual e divina. Os homens em condição  natural podem ter convicções da culpa que está sobre eles, da ira de  Deus e do perigo da vingança divina. Tais convicções são provenientes da  luz da verdade. O fato de alguns pecadores terem uma maior convicção da  culpa e miséria que outros é porque alguns têm mais luz ou compreensão  da verdade que outros. Esta luz e convicção podem ser do Espírito de  Deus. O Espírito convence os homens do pecado, mas, não obstante, a  natureza está muito mais envolvida nesse processo do que na comunicação  da luz espiritual e divina que são mencionadas na doutrina. Somente  através do Espírito de Deus como princípio natural auxiliar, e não como  novo princípio inspirador. A graça comum difere da especial no ponto em  que influencia só pela ajuda da natureza, e não pela doação da graça ou  concessão de qualquer coisa acima da natureza. A luz que é obtida é  completamente natural, ou de nenhum tipo superior a que a mera natureza  atinge, por mais que esse modo seja ou seria obtido se os homens  permanecessem completamente sozinhos; ou, em outras palavras, a graça  comum só ajuda as faculdades da alma a fazer isso mais completamente do  que fazem por natureza, assim como pela mera natureza a consciência ou a  razão natural tornará o homem sensível da culpa, e o acusará e o  condenará quando ele se desviar. A consciência é um princípio natural  para os homens. O trabalho que o faz naturalmente ou por si mesmo é dar  uma compreensão do certo e do errado, e sugerir à mente a relação em  que há entre o certo e o errado e o castigo. O Espírito de Deus, nessas  convicções que os homens não-regenerados às vezes têm, ajudam a  consciência a fazer esta obra em maior medida do se a fizessem sós. Ele  ajuda a consciência contra as coisas que tendem a entorpecer e obstruir  seu exercício. Mas na obra renovadora e santificadora do Espírito Santo,  essas coisas são feitas na alma que está acima da natureza, e na qual  não há nada por natureza do tipo igual. Essas coisas são compelidas a  existir habitualmente na alma, e de acordo com tal constituição ou lei  declarada que põe tal fundamento para o exercício em um curso continuado  como é chamado de princípio de natureza. Não só os princípios  permanentes são ajudados a fazer o seu trabalho de forma mais livre e  completa, mas os princípios que foram totalmente destruídos pela queda  são restabelecidos. A partir daí, a mente manifesta habitualmente esses  atos que o domínio do pecado a tinha tornado tão completamente  desprovida quanto um corpo morto o é de atos vitais.   
O  Espírito de Deus age em alguns casos de maneira muito diferente de como  age em outros. Ele pode agir na mente do homem natural, mas age na  mente do santo como princípio vital residente. Ele age na mente dos  indivíduos não-regenerados como agente ocasional extrínseco, pois agindo  neles, não se une a eles. Não obstante todas as influências divinas que  eles possuam, ainda são sensuais "e não têm o Espírito" (Jd 19). Mas  Ele se une com a mente de um santo, toma-o por seu templo, atua nele e o  influencia como novo princípio sobrenatural de vida e ação. Há esta  diferença, de que o Espírito de Deus, agindo na alma do homem pie doso,  manifesta-se e comunica-se na sua natureza formal. A santidade é a  natureza formal do Espírito de Deus. O Espírito Santo opera na mente do  santo, unindo-se a ele, vivendo nele, manifestando sua natureza no  exercício de suas faculdades. O Espírito de Deus pode agir numa  criatura, e, contudo, não se comunicar agindo. O Espírito de Deus pode  agir nas criaturas inanimadas como "o Espírito de Deus se movia sobre a  face das águas" no princípio da criação. Assim, o Espírito de Deus pode  agir na mente dos homens de muitas maneiras e se comunicar não mais do  que quando Ele age em uma criatura inanimada. Por exemplo, Ele pode  instigar-lhes pensamentos, ajudar a razão e o entendimento natural, ou  auxiliar outros princípios naturais — e isto sem qualquer união com a  alma —, mas pode agir, por assim dizer, em um objeto externo. Mas assim  como Ele age em suas influências santas e operações espirituais, Ele age  de certo modo a comunicar-se peculiarmente, de forma que, por isso, o  assunto é denominado espiritual.   
Esta  luz espiritual e divina não consiste em impressão feita na imaginação.  Não é impressão na mente, como se a pessoa visse algo com os olhos  físicos. Não é imaginação ou idéia de uma luz ou glória externa, ou  beleza de forma ou semblante, ou lustre ou brilho visível de um objeto. A  imaginação pode ser fortemente impressionada por tais coisas, mas esta  não é a luz espiritual. Na realidade, quando a mente faz uma descoberta  vivida de coisas espirituais e é muito afetada pelo poder da luz divina,  pode-se, e muito provável e comum, afetar em demasia a imaginação, de  forma que a impressão de uma beleza ou brilho externo pode acompanhar  essas descobertas espirituais. Mas a luz espiritual não é essa impressão  na imaginação, mas algo sumamente diferente. Os homens naturais podem  ter impressões vividas em sua imaginação, e não podemos determinar a não  ser que o Diabo, que se transforma em anjo de luz, possa causar  imaginações de uma beleza exterior ou glória visível, de sons e falas e  outras coisas semelhantes. Mas estas coisas são de natureza imensamente  inferior à luz espiritual. 
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