Que os homens não entram no estado final quando morrem bastante  evidentes é para que se requeira provar minuciosa. As ressurreições, que  ainda são futuras, provam um estado intermediário para os mortos  atuais. A coisa com que estamos especialmente preocupados é a natureza  do estado intermediário, matéria esta para a qual nos dirigimos agora.  
  Os adventistas do sétimo dia, russelitas e alguns outros  ensinam o que é conhecido comumente por "sono dalma".  Mas a substância  real deste falso ensino é que dos mortos não é inexistente entre a morte  e a ressurreição. Isto é logicamente verdadeiro desta teoria e é assim  admitido pelos adventistas, pelo menos. É logicamente verdadeiro, porque  um espírito dormente (se tal fosse possível)  seria um espírito  inexistente. A idéia de o espírito estar vivo e estar incônscio quando  livre do corpo é o limite do absurdo. É que este ensino vale pela  inexistência do espírito mostrado está nas seguintes palavras de "Signs  of the Times", uma revista dos adventistas do sétimo dia (edição de 15  de dezembro de 1931): "Seguramente nenhuma expressão mais vigorosa podia  ser possivelmente usada para mostrar a completa cessação da existência  do que esta, - Na morte "eu não serei" (Comentário de Jó 7:21, por  Carlyle B. Haines, um dos seus escritores notáveis)".  
 I. OS MORTOS NÃO SÃO INEXISTENTES 
  Contra esta teoria afirmamos e nos comprometemos provar pelas  Escrituras que o espírito do homem não cessa de existir na morte. Pelo  termo "espírito" queremos dizer a natureza imaterial do homem no seu  parentesco mais elevado. Empregamos o termo "espírito" de preferência ao  termo "alma" porque cremos que espírito melhor expressa a parte  imaterial do homem em distinção da vida corporal.  
  "A parte imaterial do homem encarada como uma vida individual e  cônscia, capaz de possuir e animar um organismo físico é chamada psuche  (alma); como um agente racional e moral, suscetível de influência e  moradia divinas, esta mesma parte imaterial chama-se pneuma (espírito)"  (A. H. Strong). O espírito é a natureza imaterial do homem olhando na  direção de Deus. "O espírito é a parte mais elevada, mais profunda e  nobre do homem. Por ele está o homem ajustado para compreender coisas  eternas e é, em suma, a casa que residem à fé e a Palavra de Deus. A ...  alma é este espírito, segundo a natureza, mas com tudo outra espécie de  atividade, nomeadamente, nisto, que ela anima o corpo e opera por meio  dele" (Lutero). "A alma é o espírito modificado pela união com o corpo"  (Hovey).  
  Algumas vezes as palavras para espírito, tanto no hebreu como  no grego, denotam vento ou fôlego, mas que nem sempre são assim está  evidenciado em Mat. 26:41; Lucas 23:46; Atos 7:59; 1 Cor. 2:11; 5:5;  7:34; 14:14 e 1 Tess. 5:23. Estudem os interessados estas passagens e  substituam espírito por fôlego e vejam que sorte de sentido se forma.  Então sabemos que espírito pode significar mais que fôlego, porque "Deus  é espírito" (João 4:24).  
 1. A MORTE FÍSICA NÃO ACARRETA A INEXISTÊNCIA DO ESPÍRITO DO HOMEM, PORQUE O ESPÍRITO NÃO ESTÁ SUJEITO À MORTE FÍSICA. 
  Temos a prova disto em Mat. 10:28. Se o homem não pode matar o  espírito, então a morte física não tem poder para dar cabo da existência  do espírito. O homem pode matar qualquer coisa que esteja sujeita à  morte física. Na morte física o corpo cessa de funcionar e começa a  desintegrar-se, o homem cessa de ser uma "alma vivente" no sentido  distinto do vocábulo "alma".  Ma o espírito não pode ser mata do e dele  nunca se fala como cessar na morte. Em vez achamos Jesus, ao morrer,  entregando o Seu espírito nas mãos de Deus e Estevão entregando o seu  espírito nas mãos de Jesus (Lucas 23:46; Atos 7:59). A morte física é  meramente a separação do espírito do corpo.  
 2. A REPRESENTAÇÃO DA MORTE COMO UM SONO NÃO ENSINA QUE O ESPÍRITO DORME E QUE É, PORTANTO, INEXISTENTE. 
  O sono é puramente um fenômeno físico. A  morte é sono só por  analogia, não atualmente. E a analogia está na aparência do corpo, não  no estado quer do corpo quer do espírito. No sono o espírito ainda está  unido com o corpo e, portanto, condicionado por ele. Mas, na morte, como  todos são forçados a admitir, espírito e corpo estão separados e o  espírito separado do corpo não está mais condicionado pelo corpo.  
  Estevão dormiu (Atos 7:59), mas o seu espírito não cessou de  existir, porque Estevão o encomendou nas mãos de Jesus e um espírito  inexistente não podia ser encomendado nas mãos de ninguém. Paulo  descreveu a morte como um sono (1 Cor. 15:6; 1 Tess. 4:14), mas não  ensinou a inexistência dos mortos. Paulo considerou a morte, não como  uma cessação da existência, mas como uma partida para estar com Cristo  (Fil. 1:23). Estando ausente do corpo, Paulo quis dizer, não  inexistente, mas presente com o Senhor (2 Cor. 5:6). Aquilo que é  inexistente não pode estar presente em logar algum ou com pessoa alguma.   
 3. A REFERÊNCIA AOS ÍMPIOS  MORTOS COMO "ESPÍRITO EM PRISÃO" MOSTRA QUE OS MORTOS NÃO SÃO INEXISTENTES (1 PED. 3:20). 
  Um espírito inexistente é uma não entidade e uma não entidade não pode estar em qualquer logar, porque ser é existir.  
 4. MOISÉS NÃO CESSOU DE EXISTIR QUANDO ELE MORREU, PORQUE  SÉCULOS DEPOIS ELE APARECEU COM Cristo NO MONTE DA TRABSFIGURAÇÃO (MAT.  17:3) 
  Dirão alguns que Moisés foi ressuscitado imediatamente depois  do enterro? Se sim, por eles está esperando uma refutação em 1 Cor.  15:20. Sendo Cristo as primícias dos mortos proíbe a teoria de Moisés  ter sido ressuscitado logo depois do seu enterro.  
 5. OS HABITANTES DE SODOMA E GOMORRA NÃO CESSARAM DE EXISTIR QUANDO MORRERAM (JUDAS 7).  
  Judas os descreve nos tempos do Novo Testamento como "sofrendo a  vingança do fogo eterno".  A palavra sofrendo nesta passagem é um  particípio presente, que expressa ação durativa progressiva. E que isto  não é um presente histórico está mostrado pelo tempo presente do verbo  "são postos."  
 6. O RICO E O LÁZARO NÃO CESSARAM DE EXISTIR QUANDO MORRERAM (LUCAS 16:19-31). 
  Isto não é uma parábola, mas pouco importa que fosse. O Filho  de Deus não recorreu a desvirtuamentos mesmo em parábolas. Todas as Suas  parábolas são verdadeiras a fatos.  
 7. CRISTO E O LADRÃO PENITENTE NÃO CESSARAM DE EXISTIR QUANDO MORRERAM. 
  Cristo não estava dependendo do corpo para a vida, porque Ele  viveu antes que tivesse um corpo (João 1:1, 2, 14). E, na cruz, Cristo  asseverou que Ele e o ladrão estariam naquele dia juntos no paraíso.  Espírito inexistente não podiam estar em logar algum, muito menos  juntos.  
 8. OS ESPÍRITOS QUE JÃO VIU DEBAIXO DO ALTAR NÃO TINHAM CESSADO DE EXISTIR (APOC. 6:9). 
 9. A RESSURREIÇÃO PROVA QUE OS MORTOS AGORA NÃO ESTÃO INEXISTENTES. 
  Se fosse inexistente, então seria necessário haver uma  recriação em vez de uma ressurreição. E isto destruiria totalmente a  base de recompensas, porque os que surgissem da sepultura seriam  indivíduos diferentes daqueles que trabalham obras aqui neste mundo.  
 10. O FATO DE OS MORTOS BEM AVENTURADOS NÃO TEREM ATINGIDO O SEU  MAIS ALTO ESTADO DE BEATITUDE, E DEVEM AINDA PASSAR PELA RESSURREIÇÃO,  NÃO PROVA QUE ELES SEJAM AGORA INEXISTENTES. 
  "Aquela bem aventurada esperança" (Tito 2:13; 1 João 3:2,3) é a  união do espírito com o corpo glorificado. Somente isto trará  a  satisfação completa da aspiração do crente (Sal. 17:15). Mas Deus  escolheu adiar a realização desta esperança até um tempo por vir. E  enquanto o estado desencarnado não é o ideal, todavia é melhor do que  continuar na carne (Fil. 1:23); e os eu estão neste estado estão  presentes com o Senhor (2 Cor. 5:8).  
 11. O FATO QUE OS ÍMPIOS FALECIDOS AINDA ESTÃO PARA SER JULGADOS  E LANÇADOS NO LAGO DE FOGO NÃO PROVA QUE ELES AGORA SEJAM INEXISTENTES. 
  Aprouve a Deus confirmar os espíritos dos ímpios falecidos em  prisão (Isa. 24:22; 1 Ped. 3:19), finalmente trazê-los e destiná-los  juntos ao lago de fogo (Apoc. 20:11-15); mas que os ímpios falecidos já  estão em tormento cônscio de fogo mostramo-lo previamente (Lucas  16:19-31; Judas 7). A miséria final dos ímpios, como a felicidade dos  justos, espera a ressurreição do corpo, em cujo tempo os ímpios serão  lançados, tanto corpo como alma, no inferno (Mat. 10:28).  
 12. O FATO DE A VIDA ETERNA SER RECEBIDA PELA FÉ NÃO PROVA QUE OS QUE A NÃO POSSUEM NÃO TEM EXISTÊNCIA ETERNA. 
  A vida eterna nas escrituras quer dizer mais do que existência  eterna. Está em contraste com morte espiritual (João 5:24; Efe. 2:1;  Col. 2:13; 1 João 3:14). A morte espiritual é escravidão íntima num  estado de pecado e separação de Deus, no qual alguém está privado de  vida espiritual divina, conquanto possua vida do espírito humano. A vida  eterna é liberdade e comunhão com Deus . "A morte espiritual faz alguém  sujeito à segunda morte, a qual é uma continuação da morte espiritual  numa outra existência sem tempo" (E. G. Robinson). E vida eterna é  isenção da segunda morte.  
 13. A REPRESENTAÇÃO DA IMORTALIDADE COMO ALGO A SER ALCANÇADO NÃO PROVA QUE OS QUE NÃO A ALCANÇARAM NÃO TEM EXISTÊNCIA ETERNA 
  Rom. 2:7 e 1 Cor. 15:53 tem referência ao corpo. O corpo se  descreve como sendo mortal, mas o espírito nunca. Revestir-se de  imortalidade no sentido da Escritura supra é receber um corpo imortal e,  portanto, passar aquele estado no qual não podemos mais ser afetado  pela morte. Este se revestir de imortalidade é a junção de um corpo  imortal com um espírito imortal.  
 14. A IMPUTAÇÃO DE IMORTALIDADE SÓ A DEUS (1 TIM. 6:16) NÃO QUER DIZER QUE OUTROS NÃO POSSUEM EXISTENCIA ETERNA. 
  A passagem acima quer dizer que só Deus é totalmente imortal em  todas as partes do Seu Ser e não afetado pela morte, que só Ele possui  imortalidade inderivada e independente. Ao passo que o homem é imortal  quanto a uma só parte de sua natureza, sua imortalidade, tanto do  espírito como do corpo, deriva-se de Deus. O caso de Elias é uma  resposta suficiente ao argumento de "dormentes dalma" sobre esta  passagem. Elias cessou de existir em qualquer tempo? Se não, ele tinha  existência imortal.  
 15. OS ENUNCIADOS DE JESUS EM JOÃO 3:13 E 13:33 NÃO ENSINAM QUE OS JUSTOS FALECIDOS SÃO INEXISTÊNTES. 
  A escritura deve ser interpretada à luz da Escritura. Portanto,  a primeira passagem supra não pode ser tomada com absoluta  literalidade. Porque em 2 Reis 2:2,11 assevera-se duas vezes que Elias  foi recebido no céu. O sentido da afirmação de Cristo aqui, então, não  pode ser mais do que ter Jesus só ascendido ao céu e voltado para  revelar os mistérios a Ele comunicados lá. A segunda passagem é  explicada pelo verso 36. Cristo quis dizer, meramente, que, entrementes,  aqueles a quem Ele estava falando não podiam seguir; não que eles nunca  O seguiriam, porque nesse caso eles nunca podiam ir ao céu.  
 16. O ENUNCIADO DE PEDRO EM ATOS 2:34 NÃO QUER DIZER QUE DAVI ERA INEXISTÊNTE. 
  Este enunciado sobre Davi está elucidado pelo de Cristo a Maria  Madalena a respeito de Si mesmo (João 20:17). Cristo disse: "Ainda não  subi a meu Pai".  Mas o espírito de Cristo ascendera ao Pai (Lucas  23:43,46; Apoc. 2:7; 22:1,2). O significado então do enunciado de Pedro a  respeito de Davi e o Cristo sobre Si mesmo é que eles não tinham  ascendido em corpo.  
 17. AS ESCRITURAS DO VELHO TESTAMENTO NÃO PROVAM A INEXISTÊNCIA DOS MORTOS. 
  A Escritura deve ser explicado pela Escritura. As revelações   incompletas e indistintas do Velho Testamento devem ser explicadas pelas  revelações mais amplas e mais claras do Novo Testamento. E à luz destas  últimas algumas afirmações no Velho Testamento concernentes ao estado  dos mortos podem ser tomadas somente como a linguagem de aparência.  Escritores do Velho Testamento, não tendo uma revelação clara  concernente ao estado dos mortos, muitas vezes falaram dos mortos do  ponto de vista desta vida. É neste sentido que devemos entender  passagens tais como Jó 3:11-19; 7:21,22; Sal. 6:5; 88:11,12; 115:17;  Ecles. 3:19,20; 9:10; Isa. 38:18.  
 II. OS JUSTOS FALECIDOS ESTÃO COM O SENHOR 
  Já aludimos ao estado tanto dos justos como dos ímpios  falecidos. Mas, por causa da clareza, restabelecemos o ensino da  Escritura sobre este assunto.  
  Os justos falecidos estão com o Senhor. Isto está provado pelas seguintes passagens:  
  "Enquanto estamos no corpo ausente do Senhor... porém temos  confiança e desejamos muito deixar este corpo e habitar com o Senhor" (2  Cor. 5:6-8). Assim, para os justos, estar ausente do corpo, isto é,  estar naquele estado ocasionado pela morte é estar na presença do  Senhor.  
  "Estou apertado entre os dois, desejando partir e estar com  Cristo" (Fil. 1:23). Paulo não podia decidir se ele preferia permanecer  na carne, isto é, continuar a viver aqui  na terra, ou morrer para estar  com Cristo. Assim, para os justos, uma partida desta vida é uma entrada  à presença de Cristo.  
  O ladrão arrependido moribundo ouviu de Jesus: "Hoje estarás  comigo no paraíso".  O paraíso é o terceiro céu dos judeus, o logar do  trono de Deus (2 Cor. 12:2,4). Mais prova disto encontra-se no fato de a  árvore da vida estar no paraíso (Apoc. 2:7), e perto do trono de Deus  (Apoc. 22:1,2).  
  Pode ser, como crêem alguns, que, até a morte de Cristo, os  justos não foram à presença de Deus senão a um logar intermediário de  felicidade. Conquanto isso possa ser, as passagens supra mostram que os  justos agora vão imediatamente à presença do Senhor através da morte.  
 III. OS FALECIDOS ÍMPIOS ESTÃO EM TORMENTO CÔNSCIO E ARDENTE 
  Está isto mostrado na história do rico e Lázaro (Lucas  16:19-31). Respondem alguns que isto é somente uma parábola. Mas não há,  sequer, um indício que o seja. E o fato se estar nomeado o nome de uma  pessoa envolvida é incoerente com todas as outras parábolas. Mas suponde  que é uma parábola, Cristo torceu fatos nas Suas parábolas? Que  propósito podia Ele ter tido em assim fazer? Uma caricatura de fatos na  passagem em foco não ensina um erro? Os que buscam fugir a isto com  fundamento que é uma parábola mostram o desespero de sua teoria com uma  semelhante miserável escapatória.  
  Este fato também está patente, como já o frisamos, nas palavras  de Judas no verso 7 de sua epístola a respeito dos habitantes de Sodoma  e Gomorra. Ele os descreve como "sofrendo (tempo presente) a vingança  do fogo eterno".   
  O lugar onde os ímpios estão confinados é chamado uma prisão (1  Ped. 3:19). São criminosos condenados esperando na prisão até ao tempo  de serem colocados na eterna penitenciária de Deus, o lago de fogo  (Apoc. 20:15). Isto é para ter logar no juízo do grande trono branco,  tempo em que tanto o corpo como as almas dos ímpios serão lançados no  fogo (Mat. 10:28).  
 IV. NENHUMA PROVAÇÃO DEPOIS DA MORTE 
  A noção que há provação depois da morte toma duas formas. Contém-se a primeira em:  
 1. O ENSINO CATÓLICO SOBRE O PURGATÓRIO. 
  "A Igreja Católica ensina a existência do Purgatório, onde  aqueles que morrem com leves pecados nas suas almas, ou que não  satisfazem a punição temporal devida aos seus pecados estão detidos até  que se purifiquem suficientemente para entrar no céu" (O que a Bíblia  protestante  ensina sobre a Igreja Católica, Patterson).  
  As passagens dadas para substanciarem este ensino são: Mat. 5:26; 12:32; 1 Cor. 3:13-15; Apoc. 21:27; 1 Ped. 3:19.  
  Antes de abreviadamente cometer estas passagens, oportuno é  observar a justificação e salvação totalmente de graça por meio da fé em  Cristo. Vimos que Deus não cobra pecados ao crente (Rom. 4:8; 8:33). O  crente foi eternamente quitado de todo pecado. Mais ainda, Heb. 9:27  implica claramente que não é possível nenhuma mudança entre a morte e o  juízo. Estas passagens, para não mencionar muitas outras, mostram que o  Purgatório é uma invenção humana.  
  Quanto às passagens empregadas para substanciarem a doutrina do  Purgatório: Mat. 5:26 é para ser manifestamente considerada como se  referindo à prisão romana. Mat. 12:32 faz simplesmente "uma declaração  forte e expandida" que a blasfêmia contra o Espírito Santo não será  jamais perdoada. Achar aqui a insinuação em que alguns pecados possam  ser perdoados no porvir é fundar uma doutrina de longo alcance sobre uma  inferência incerta. Semelhante doutrina, se verdadeira, acharia  certamente afirmação mais clara do que a que esta passagem proporciona.  Em 1 Cor. 3:13-15 temos apenas uma forte alusão ao teste das obras  humanas nos dias de Cristo. Não há aqui nenhuma purificação ou  purgamento, como os católicos supõem ocorrer no Purgatório, mas somente  um desejo de obras inaceitáveis. Apoc. 21:27 declara somente que os  ímpios não podem entrar em a Nova Jerusalém. O espírito e o corpo  glorificado do crente não tem pecado. O espírito se purifica de todo  pecado na regeneração. A última passagem (1 Ped. 3:19) será estudada no  próximo título.  
  A segunda forma desta noção de provação depois da morte jaz principalmente em:  
 2. A CRENÇA QUE CRISTO PREGOU AOS ÍMPIOS FALECIDOS. 
  Baseia-se a crença em 1 Ped. 3:19,20. Esta forma da noção de  provação depois da morte é diferente do ensino católico do purgatório,  em que ela inclui somente incrédulos, ao passo que o ensino católico  inclui somente crentes, como tendo provação. Segundo esta forma da  doutrina de provação depois da morte, os incrédulos terão a oportunidade  de se arrependerem e serem salvos depois da morte. Isto está discutido  em extenso em What Happens After Death!(O Que Acontece Depois da Morte!)  por William Striker, publicado pela Sociedade de Tratados Americana.  
  Deve ser admitido que as traduções comuns de 1 Ped. 3:19,20,  emprestam encorajamento a esta crença; mas, mesmo nisso, estranho é que  Jesus tivesse pregado somente aos que foram desobedientes durante os  dias de Noé, ou que, se a todos foi pregado, apenas oito almas fossem  mencionadas.  
  E  não pode insistir-se sobre o verbo "foi" como indicando que  Jesus veio em contato pessoal com os espíritos em prisão. "Grande peso  se tem dado a esta palavra em sustento da idéia que Cristo foi em prisão  a prisão dos perdidos; mas a palavra não implica necessariamente  locomoção pessoal" (N. M. Williams, Comment. In loco). Acham-se em Gen.  11:5-7 e Efe. 2:17 casos de uma palavra igual em que não se indica  locomoção pessoal.  
  Mas, ainda mais, não é em absoluto necessário traduzir o verso  20 como nas traduções comuns. A idéia de desobediência nesta passagem  expressa-se em grego por um particípio aoristo sem o artigo,  apiethesasi; e, enquanto é verdade que o particípio sem o artigo pode  ser traduzido atributivamente, isto é, como livremente equivalente a uma  clausula relativa, contudo, isto é a exceção mais que a regra. A regra é  que o particípio sem o artigo é empregado predicativamente, exigindo  uma clausula temporal para a sua tradução. Segundo a regra, então, a  primeira clausula do v. 20 devera ser traduzida "quando primeiramente  foram desobedientes",  indicando que a pregação ocorreu (pelo espírito  de Cristo operando por Noé) no tempo da desobediência e não dois mil  anos depois.  
  Pode ser perguntado porque a versão do Rei Tiago, a Revista e  as versões da União Bíblia, todas traduzem esta construção com uma  clausula relativa. Respondemos que isto, evidentemente, é por causa da  influência da Vulgata e a parcialidade teológica da cristandade que tem  favorecido a noção de provação depois da morte. Mas o Novo Testamento  está em toda parte oposto à idéia de provação depois da morte, sem a  qual esta suposta pregação aos ímpios falecidos foi inútil. Tal probação  não é precisa para vindicar a justiça de Deus, porque mesmo os pagãos  sem o evangelho estão "sem desculpa" (Rom. 1:20).  
  1 Pedro 4:6 , que é outra passagem empregada para ensinar a  provação depois da morte, significa que o Evangelho foi pregado aos  mortos enquanto estiveram vivos.     
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Luis Antonio dos Santos, 12/05
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