EM  1908, O ESCRITOR INGLÊS G. K. CHESTERTON descreveu o embrião da cultura  que hoje chamamos de pós-modernismo. Este já é um termo desgastado.  Algum dia, os leitores o pesquisarão em um livro de História. Uma das  características de seu "relativismo vulgar" (conforme o chama Michael  Novak)  é o erro grave de tomar a palavra  arrogância para referir-se à convicção e humildade para referir-se à  dúvida. Chesterton viu a chegada do pós-modernismo:
O  que sofremos hoje é de humildade no lugar errado. A modéstia se afastou  do setor da ambição e se estabeleceu na área das convicções, o que  nunca deveria ter acontecido. Um homem devia mostrar-se duvidoso a  respeito de si mesmo, mas não a respeito da verdade; isto foi invertido  completamente. Hoje, aquilo no qual o homem confia é exatamente aquilo  em que ele não deveria confiar — nele mesmo. Aquilo que ele duvida é  exatamente o que ele não deveria duvidar — a razão divina... O cético  moderno propõe ser tão humilde que duvida se pode aprender... Existe uma  humildade característica de nossa época; acontece, porém, que ela é uma  humildade mais venenosa do que as mais severas prostrações dos  ascéticos... A velha humildade fazia que o homem duvidasse de seus  esforços, e isto, por sua vez, o levaria a trabalhar com mais empenho.  Mas a nova hu¬mildade torna o homem duvidoso a respeito de seus alvos; e  isto o faz parar de trabalhar completamente... Estamos a caminho de  produzir uma raça de homens tão mentalmente modestos que serão incapazes  de acreditar na tabuada de multiplicação.
Vemos  isso, por exemplo, no ressentimento para com os crentes que expressam a  convicção de que os judeus (como as outras pessoas) precisam crer em  Jesus, para serem salvos. A reação mais comum a esta convicção é que os  crentes são arrogantes. A humildade contemporânea está firmemente  arraigada no relativismo que evita conhecer a verdade e especificar o  erro. Mas isto não é o que a humildade costumava significar.
Se  a humildade não é aquiescência às exigências populares do relativismo,  então, o que é humildade? Isto é importante, pois a Bíblia diz: "Deus  resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça" (1 Pe  5.5); e: "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha  será exaltado" (Lc 14.11). A humildade, portanto, é sobremodo  importante. Deus nos diz pelo menos cinco coisas a respeito da  humildade:
1.       A  humildade começa com um senso de submissão a Deus, em Cristo. "O  discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo, acima do seu  senhor" (Mt 10.24). "Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus"  (1 Pe 5.6).
2.       A  humildade não sente que tem o direito de receber melhor tratamento do  que o tratamento dado a Je¬sus. "Se chamaram Belzebu ao dono da casa,  quanto mais aos seus domésticos?" (Mt 10.25.) Por conse¬guinte, a  humildade não paga o mal com o mal. Não é uma vida baseada nos direitos  percebidos. "Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para  seguirdes os seus passos... quando maltratado, não fazia ameaças, mas  entregava-se àquele que julga re-tamente" (1 Pe 2.21-23).
3.  A humildade afirma a verdade não para apoiar o "eu" com o domínio e  triunfos dos debates, mas como um serviço prestado a Cristo e expressão  de amor para com o adversário. O amor "regozija-se com a verdade" (1 Co  13.6). "O que vos digo às escuras... Não temais" (Mt 10.27,28). "Não nos  pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos  como vossos servos, por amor de Jesus" (2 Co 4.5).
4.       A  humildade sabe que depende da graça de Deus para conhecer e crer. "Que  tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te  vanglorias, como se o não tiveras recebido?" (1 Co 4.7.) "Acolhei, com  mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a  vossa alma" (Tg 1.21).
5.       A  humildade sabe que é falível; por isso, reflete sobre o criticismo e  aprende dele. Mas também sabe que Deus fez provisão para a convicção  humana e nos convoca a persuadir os outros.
Agora,  vemos como em espelho, obscuramen¬te; então, veremos face a face.  Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido (1  Co 13.12).
O sábio dá ouvidos aos conselhos (Pv 12.15).
Conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens (2 Co 5.11).

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