Onde descansa as marcas  distintivas daquela virtude e santidade que é aceitável aos olhos de  Deus?  
Embora isto seja de tal  importância, e apesar de termos clara e abundante luz na Palavra de Deus  para nos dirigir neste assunto, todavia não há um ponto em que os  Cristãos professos façam mais diferença um do outro. Seria sem fim  calcular a variedade de opiniões, neste ponto, que divide o mundo  Cristão; fazendo manifesta a verdade da declaração de nosso Salvador:  “Estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há  que a encontrem”.  
A consideração destas coisas  tem por muito tempo me engajado a atentar para esta matéria com a maior  diligência e cuidado, e toda a exatidão de busca e investigação de que  eu fui capaz. Este é um assunto sobre o qual minha mente tem sido  peculiarmente solícita, desde a primeira vez que entrei no estudo da  teologia. — Mas quanto ao sucesso de minhas investigações,  isto deve ser deixado ao julgamento do leitor do tratado que se segue.  
Sou consciente de que é  difícil julgar imparcialmente o assunto deste discurso, no meio da  poeira e fumaça da presente controvérsia, sobre as coisas desta  natureza. Pois, assim como é muito difícil escrever imparcialmente, do mesmo  modo é muito difícil ler imparcialmente. — Muitos provavelmente serão  magoados, ao encontrar tanto do que pertence às afeições religiosas,  aqui condenadas: e talvez indignações e desprezo serão excitados em  outros, ao achar tanto justificado e aprovado. E pode ser que alguns  estarão prontos para acusar-me de inconsistência comigo mesmo, em tanto  aprovando algumas coisas, como condenando outras; como tenho encontrado,  isto tem sido sempre objetado a mim por alguns, desde o princípio de  nossas últimas controvérsias sobre religião. É uma coisa difícil ser um  sincero e zeloso amigo do qual tem sido bom e glorioso nas últimas  aparências extraordinárias, e regozijar muito nele; e ao mesmo tempo,  ver a tendência má e perniciosa dos que tem sido maus, e ardentemente  opor a isso. Mas, todavia, estou humildemente, mas inteiramente persuadido que nós nunca  estaremos no caminho da verdade, um caminho aceitável a Deus, e tendendo  ao avanço do reino de Cristo, até que façamos assim. Há certamente algo  muito misterioso nisto, esse tão bom e esse tão mau, devem ser  misturado juntamente na igreja  de Deus: como é uma coisa misteriosa, e que tem embaraçado e  assombrado muitos bons Cristãos, que deva existir o que é tão divino e  precioso, como a graça salvadora de Deus, residindo no mesmo coração,  com tanta corrupção, hipocrisia, e iniqüidade, em um santo em particular.  Contudo, nenhum destes é mais misterioso do que real. E nenhum deles é  uma coisa nova. Não é uma coisa nova, que tanta falsa religião deva  prevalecer no tempo de grande reavivamento; e que, ao mesmo tempo,  multidões de hipócritas devam brotar entre os verdadeiros santos. Foi  assim na grande reforma, e reavivamento da religião, no tempo de Josias;  como aparece em Jeremias 3:10, e Jeremias 4:3,4, e também pela grande  apostasia que houve na nação, tão logo após seu reinado. Assim foi com o  grande derramamento do Espírito sobre os Judeus, nos dias de João  Batista; como se mostra pela grande apostasia daquele povo, tão logo  depois de tão geral despertamento, e os temporários confortos e alegrias  de muitos; João 5:35: “E vós quisestes alegrar-vos por um pouco de  tempo com a sua luz”. Assim foi naquelas grandes comoções entre a  multidão, ocasionas pela pregação de Jesus Cristo. Muitos são chamados, mas  poucos escolhidos ;  da multidão que foi excitada e afetada pela Sua pregação — e em um tempo ou outro pareciam  poderosamente engajados, cheios de admiração por Cristo, e elevados com  alegria — mas poucos eram verdadeiros  discípulos, que agüentaram os abalos das provas, e perseveraram até o  fim. Muitos eram semelhantes a terra pedregosa ou espinhosa; e porém  poucos, comparativamente, eram semelhantes a boa terra. Do monte inteiro que  foi recolhido, grande parte era palha, que o vento mais tarde levou; e o  monte de trigo que foi deixado, era comparativamente pequeno; assim  como aparece abundantemente pela história do Novo Testamento. Assim foi  no grande derramamento do Espírito que houve nos dias dos apóstolos;  como se mostra por Mateus 24:10-13; Gálatas 3:1; e 4:11,15; Filipenses  2:21; e capítulo 3:18,19, e as duas epístolas aos Coríntios, e muitas  outras partes do Novo Testamento. E assim foi na grande reforma do papismo — Parece claramente ter estado na  igreja visível de Deus, nos tempos dos grandes reavivamentos, assim como  as árvores frutíferas na primavera; há uma multidão de flores, que  parecem legítimas e belas, e há uma aparência promissora de frutos  novos: mas muitos delas são de curta duração; elas breve murcharão, e  nunca chegarão a maturidade.  
Não é, contudo, para ser  suposto que será sempre assim. Porque embora nunca  haverá, neste mundo, uma inteira pureza, em cada um dos santos em  particular, por uma perfeita libertação das misturas de corrupção, ou na  igreja de Deus, sem qualquer mistura de hipócritas com santos — ou religião falsifica e falsas  aparências de graça com verdadeira religião e real santidade — todavia é evidente, virá um tempo  de pureza muito maior na igreja, do que tem havido nas erras passadas.  Isto se mostra claramente por estes textos das Escrituras: Isaías 52:1;  Ezequiel 44:6,7,9; Joel 3:17; Zacarias 14:21; Salmos 69:32,35,36; Isaías  35:8,10; capítulo 4:3,4; Ezequiel 20:38; Salmos 37:9,10,11,29. E uma  grande razão disto será que naquele tempo, Deus dará uma luz muito maior  para Seu povo, para distinguir entre a verdadeira religião e suas  falsificações. Malaquias 3:3: “E assentar-se-á como fundidor e  purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como  ouro e como prata; então ao SENHOR trarão oferta em justiça”. Com o  versículo 18, que é a continuação da profecia dos mesmos tempos felizes:  “Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o  que serve a Deus, e o que não o serve”.  
É pela mistura da  falsificada religião com a verdadeira, não discernida e distinguida, que  o diabo tem tido suas maiores vantagens contra a causa e o reino de  Cristo. É por este meios, principalmente, que ele tem prevalecido contra  todos os reavivamentos da religião, desde a fundação da igreja Cristã.  Com isto, ele prejudicou a causa do Cristianismo, tanto na era  apostólica como depois, tanto mais do que por todas as perseguições  tanto de Judeus como de gentios. Os apóstolos, em todas suas epístolas,  nos mostram muito mais concernente ao primeiro dano, do que o segundo.  Com isto, Satã prevaleceu contra o reforma, iniciada por Lutero,  Zwínglio, etc., para colocar uma parada em seu progresso, e traze-la à  desgraça, dez vezes mais do que por todas aquelas sanguinárias e cruéis  perseguições da igreja de Roma. Com isto, principalmente, ele prevaleceu  contra os reavivamentos da religião em nossa nação. Com isto ele  prevaleceu contra a Nova Inglaterra, apagando o amor e saqueando a  alegria de seus matrimônios, aproximadamente cem anos atrás. E penso que  tive bastante oportunidades para ver claramente, que por isto o diabo  tem prevalecido contra o último grande reavivamento da religião na Nova  Inglaterra, tão feliz e prometedor em seu princípio. Aqui, mais  evidentemente, tem sido a principal vantagem de Satã contra nós; por  isto ele tem nos frustrado. É por estes meios que a filha de Sião nesta  terra agora descansa no chão, em semelhantes lastimosas circunstâncias,  com seus vestuários rasgados, sua face desfigurada, sua nudez exposta,  seus membros quebrados, e encapelando no sangue de suas próprias  feridas, e de maneira nenhuma capaz de levantar; e isto, tão rapidamente  depois de sua última grande felicidade e esperança. Lamentações 1:17:  “Estende Sião as suas mãos, não há quem a console; mandou o SENHOR  acerca de Jacó que lhe fossem inimigos os que estão em redor dele;  Jerusalém é entre eles como uma mulher imunda”. Tenho visto o diabo  prevalecer pelo mesmo caminho, contra dois grandes reavivamentos de  religião neste país. — Satã continua com a humanidade  assim como ele começou com eles. Ele prevaleceu contra nossos primeiros  pais, e lhes arremessou para fora do paraíso, e subitamente trouxe toda  sua felicidade e glória ao fim, aparentando ser um amigo de seu estado  feliz, e fingindo avançar-lhes a um degrau mais alto. Assim, a mesma  serpente perspicaz que enganou Eva através de sua astúcia, nos apartando  da simplicidade que há em Cristo, tem subitamente nos privado daquele  justo prospecto que tínhamos, há pouco tempo atrás, de uma espécie de  estado paradisíaco da igreja de Deus na Nova Inglaterra.  
Após a religião reviver na  igreja de Deus, e os inimigos aparecer, as pessoas que são engajadas a  defender sua causa são comumente mais expostas, onde elas estão  sensíveis de perigo. Enquanto elas estão inteiramente atentas sobre a  oposição que aparece abertamente diante deles, para fazer  cabeça contra esta, e enquanto elas negligenciam cuidadosamente para  olhar ao redor, o diabo vem atrás deles, e dá uma punhalada fatal não  vista; e ele tem oportunidade para dar uma pancada mais interna, e  machucar o profundo, porque ele ataca em seu descanso e não sendo  obstruído por nenhuma guarda ou resistência.  
E assim provavelmente sempre  será na igreja, não importa quando a religião reviver  consideravelmente, até que nós tenhamos aprendido bem a distinguir entre  a verdadeira e a falsa religião, entre as emoções e experiências  salvídicas e aquelas diversas impressões atraentes e aparências  brilhantes, pelas quais elas são falsificadas; as conseqüências das  quais, quando elas não são distinguidas, são freqüentemente  indizivelmente terríveis. Por  estes meios , o  diabo gratifica a si mesmo, pois as multidões oferecem uma adoração  falsa a Deus sob a ilusão de um culto aceitável, que é na realidade  acima de todas as coisas abominável a Ele.Por estes meios, ele  ludibriou grandes multidões sobre o estado de suas almas; fazendo-lhes  pensar que eles são alguma coisa, quando eles não são nada; e assim  eternamente lhes desfazendo; e não somente assim, mas estabelecendo  muitos na forte confiança de sua eminente santidade, que, aos olhos de  Deus, são alguns dos vis hipócritas. Por  este meios, ele muitas vezes desanimou e feriu a religião nos  corações dos santos, obscureceu e deformou-a pelas misturas corrompidas,  fez com que suas emoções religiosas tristemente se degenerassem, e  algumas vezes, por um considerável tempo, ser como o maná que produziu  vermes e fedor; e terrivelmente enlaçou e confundiu as mentes de outros,  trazendo-lhes à grandes dificuldades e tentações, e embaraçando-lhes em  uma vastidão, dentre os quais eles não podiam de forma alguma se  desembaraçar. Por estes  meios, Satanás poderosamente encoraja os corações dos inimigos  explícitos, fortalecendo suas mãos, enchendo-lhes com armas, e  fortalecendo suas fortalezas; quando ao mesmo tempo, a religião e a  igreja de Deus permanece exposta a eles, como uma cidade sem muralhas. Por estes meios, ele faz  com que os homens ímpios pequem na ilusão de estarem servindo a Deus; e  portanto, pecam sem restrições, sim, com ardente solicitude e zelo, e  com todo sua força. Por  estes meios, ele faz que até os amigos da religião,  insensivelmente, façam o trabalho de seus inimigos, destruindo a  religião em uma maneira mais eficaz do que os inimigos declarados podem  fazer, na ilusão de o estarem fazendo progredir. Por estes meios, o diabo  dispersa o rebanho de Cristo, e colocá-os uns contra os outros com  grande calor de espírito, sob uma noção de zelo por Deus; e a religião,  gradualmente, degenera em vãs disputas. Durante os conflitos, Satanás  conduz ambas as partes para fora do caminho correto, dividindo cada um  em grandes extremos, um na mão direita, e o outro na esquerda, conforme  ele os encontra mais inclinados, ou mais facilmente movidos e  oscilantes, até que o caminho correto no meio é quase completamente  negligenciado. No meio desta confusão, o diabo tem grande oportunidade  para avançar em seu próprio interesse, para fazê-lo forte de inumeráveis  modos, de obter o governo de todas as coisas em suas próprias mãos, e  operar sua própria vontade. E pelo que é visto das terríveis  conseqüências desta falsificação, quando não distinguida da verdadeira  religião, o povo de Deus em geral têm suas mentes perturbadas na  religião, e não sabem onde colocar os seus pés, ou o que pensar, e  muitos são trazidos à duvidar de o quer que seja na religião; e heresia,  infidelidade, e ateísmo prevalece grandemente.  
Conseqüentemente, é vital  que nos esforcemos ao máximo para claramente discernir, e ter bem  assentado e estabelecido, no que consiste a verdadeira religião. Até que  isto seja feito, não podemos esperar que grandes avivamentos de  religião tenham longa duração; até que isto seja feito, não podemos  esperar muito proveito de todos nossos calorosos debates, em conversação  e a partir da impressa, não sabendo claramente e distintivamente o que  devemos contender.  
Meu propósito é contribuir  com o meu pouco, e usar o meu melhor (embora débil) esforçando-me para  este fim, no subseqüente tratado: no qual deve ser notado que é um tanto  diferente do propósito de que eu tinha anteriormente publicado, que foi  para mostrar As marcas  distintivas da obra do Espírito de Deus, incluindo tanto suas  operações comuns e salvifícas. O que tenciono agora, é mostrar a  natureza e sinais das graciosas  operações do Espírito de Deus, pelas quais elas são distinguidas  de todas as outras — sejam quais forem - que não são de  uma natureza salvífica. Se eu for sucedido nesta minha intenção, em  qualquer medida tolerável, espero que tenda a promover o interesse da  religião. E se eu for sucedido em trazer alguma luz para este assunto ou  não, e embora meus esforços possam ser reprovados, nestes tempos  ardilosos e censuradores, espero na misericórdia da graça e justiça de  Deus, para aceitação da sinceridade de meus esforços; e espero também  pelo candor e orações dos verdadeiros seguidores do manso e benevolente  Cordeiro de Deus. 
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