OBJEÇÕES À INSPIRAÇÃO VERBAL
São muitas e variadas as objeções trazidas contra        a inspiração verbal. Não tentaremos notá-las        todas, mas tomaremos apenas algumas das mais comuns; confiando que  a nossa        discussão indique quão razoável e facilmente se possa        dispor de toda outra objeção.      
Estas objeções concernem:      
I. CÓPIAS E TRADUÇÕES FALÍVEIS
1. OBJEÇÃO APRESENTADA      
A primeira objeção que consideraremos pode ser apresentada        assim: "De que valor é a inspiração verbal das cópias        originais da Escritura, uma vez que não temos essas copias  originais        e desde que a grande maioria do povo deve depender de traduções        das línguas originais, traduções que não podem        ser tidas como infalíveis?"      
2. OBJEÇÃO RESPONDIDA      
(1) Esta objeção é correta em sustentar que as        traduções das línguas originais da Escritura não        podem ser tidas como infalíveis.      
Em nenhum lugar Deus indica que os tradutores foram poupados  ao erro. Inspiração        verbal quer dizer a inspiração das cópias originais        da Escritura.      
(2) Esta objeção é também correta em afirmar        que não temos uma só das cópias originais de qualquer        parte da Escritura.      
(3) Mas esta objeção não prevalece contra o fato        da inspiração verbal: ela só questiona o valor da inspiração.      
(4) E a objeção esta errada ao supor que uma cópia        admitidamente imperfeita de um original infalível não é        melhor do que a mesma espécie de cópia de um original falível.       
É mesmo melhor ter uma cópia imperfeita de um original  infalível        do que ter uma cópia perfeita de um original falível.      
(5) A objeção está errada outra vez ao implicar        que não temos uma cópia do original substancialmente exata.      
Por meio de uma comparação das muitas cópias antigas        dos originais da Escritura, a crítica textual progrediu a tal  ponto        que nenhuma dúvida existe quanto a qualquer doutrina importante da         Bíblia. Enquanto que Deus não nos conservou as cópias        originais (e Ele deve ter tido boas razões para não fazer        assim), Ele nos deu uma tal abundância de cópias antigas, que        podemos, com notável exatez, chegar à leitura dos originais.      
(6) E o estudo do hebraico e do grego progrediu a tal  ponto, e este        conhecimento se tornou proveitoso mesmo ao povo comum, de tal  modo, que        todos podem ficar seguros do significado da língua original em  quase        todos os casos.      
II. SALMOS IMPRECATÓRIOS
Outra objeção se traz contra o que é conhecido por        "salmos imprecatórios".      
1. OBJEÇÃO APRESENTADA      
Diz-se que o salmista "brada indignadamente contra os seus  opressores",        e que o achamos usando linguagem "que seria imprópria nos lábios        do Senhor", linguagem, é-nos dito, em que descobrimos "traços        de prejuízo e paixão humanos". Tais são as objeções        levantadas por J. Patterson Smith em "How God Inspired The Bible"  (Como        Deus inspirou a Bíblia).      
O objetor esta errado aqui ao assumir que os salmos  imprecatórios        de Davi expressam o sentimento pessoal de Davi contra os seus  inimigos meramente        por causa do que eles lhe tinham feito. Davi era o suave cantor de  Israel        e não se dava a manifestações de amargura e vingança        pessoais. Notai sua atitude principesca para com Saul ainda mesmo  quando        Saul buscou sua vida sem nenhuma lícita razão.      
2. CASOS ESPECÍFICOS CITADOS PELO OBJETOR      
(1) "Ó Deus, quebra-lhes os dentes nas suas bocas" (Salmos  58:6).      
Um estudo deste salmo revela que as palavras supra não se  referem        aos inimigos pessoais de Davi, mas aos injustos em geral. Davi  estava aqui        só articulando a indignação d?Aquele que "odeia todos        os obradores de iniqüidade" (Salmos 5:5). E notai que aqui nada se         diz como de Davi sobre este juízo ser infligido imediatamente.  Aqui        só temos a sanção inspirada de Davi do julgamento final        de Deus sobre os ímpios. Isto está evidente de uma comparação        do Salmo 58:9-11 com Apocalipse 19:1-6. Nestas passagens temos a  profecia        e o seu cumprimento.      
(2) "Sejam seus filhos continuamente vagabundos e  mendiguem; busquem        o seu pão em lugares desolados" (Salmos 109:10).      
Atos 1:16 mostra que isto não foi falado dos inimigos  pessoais de        Davi, mas foi uma expressão profética a respeito de Judas.        E Pedro diz que o Espírito Santo falou isso pela boca de Davi.  Esta        imprecação sobre os filhos de Judas é segundo a própria        revelação de Deus, de Si mesmo, como o que visita "a iniqüidade        dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração        daqueles que O aborrecem" (Êxodo 20:5).      
(3) "Ah! Filha de Babilônia, que vai ser assolada; feliz  aquele        que te retribuir o pago que tu nos pagaste a nós; feliz aquele que         pegar em teus filhos e der com eles pelas pedras" (Salmos  137:8,9).      
Mas notais que as palavras não são uma oração,        nem uma imprecação, mas só e totalmente uma profecia.        Então notai que este juízo foi para ser atribuído a        Babilônia por causa do modo por que ela tratara Israel. E depois  revocai        as palavras de Deus faladas através de Balaão: "Abençoado        é o que te abençoar e amaldiçoado é o que te        amaldiçoar" (Números 24:9), nas quais temos um eco do assegurado        a Abraão (Gênesis 27:29).      
As palavras de Davi, com aquelas de Isaias (Isaias 13) sobre  Babilônia,        tem um duplo sentido: referem-se imediatamente à destruição        de Babilônia pelos médos (Isaias 13:7), mas remotamente à        punição dos ímpios na vinda de Cristo à terra        (Isaias 13:9-11; 34:1-18; Zacarias 14:1-7; Apocalipse 19:11-21).      
Como agente de Deus, Davi revelou a indignação de Deus contra         os ímpios mas, até onde seus próprios sentimentos pessoais        diziam respeito, ele tinha somente misericórdia e benevolência        para com os seus inimigos pessoais. Recusou molestar o Rei Saul  quando ele        teve a oportunidade e justificação humana, e após Saul        morrer, inquiriu: "Ficou algum da casa de Saul a quem eu possa  mostrar bondade?"        (2 Samuel 9:1,2,11).      
Estes exemplos são suficientes para mostrarem quão inócuas        são as objeções dos críticos a respeito dos        salmos imprecatórios.      
III. AS IMPRECAÇÕES DE NOÉ E O LOUVOR DE DÉBORA
Objeções semelhantes costumam ser trazidas contra a Bíblia        por causa da imprecação de Noé sobre Canaã (Gênesis        9:25) e por causa de Débora louvar Jael por assassinar Cisera á        traição (Juizes 5:24-31).      
A resposta aqui é simples e breve. A Bíblia não justifica        nem a Noé nem a Débora pelas expressões mencionadas:        recorda meramente o fato que as expressões foram feitas. Verdade        é que Noé expressou uma predição verdadeira        das nações descendentes do seu filho, mas, que Deus o moveu        a expressar a maldição sobre Canaã, ou meramente lhe        permitiu expressar a verdade numa explosão de raiva, não está        declarado.      
A Bíblia, de modo algum sanciona cada palavra e ato nela  recordados.        Ela recorda as palavras e ações de homens maus, tais como        o Rei Saul e Acabe; muitas vezes não dá o seu veredicto sobre        eles. Deus revelou sua Lei pela qual todas as ações serão        julgadas; portanto, desnecessário foi que Ele devesse atravancar        a Bíblia como a apreciação de toda a palavra ou ação        arquivada. Inspiração verbal que dizer, simplesmente, que        os escolhidos para escreveram a Bíblia foram guardados do erro no        que escreveram. Se os seus escritores representam uma convicção        sincera de si mesmo, é verdade; mas se o relato de alguma outra  pessoa,        pode ser verdade ou falso, segundo ele se harmoniza com a Bíblia        como um todo.      
IV. "CAPÍTULOS OBSCENOS" ASSIM CHAMADOS
É-nos dito então que em certos capítulos da Bíblia        "a obscenidade pulula do princípio ao fim".      
Em resposta a esta objeção, diz R. A. Torrey: "que há        capítulos na Bíblia que não podem ser prudentemente        tratados numa audiência mista, não temos o desejo de negar;        mas os referidos capítulos não são obscenos. Falar        do pecado nos termos mais claros, mesmo do pecado mais vil, para  se poder        expor sua asquerosidade e para retratar o homem como ele realmente  é,        não é obscenidade: é pureza numa das suas formas mais        elevadas. Se uma historia é ou não obscena, depende inteiramente        de como é dita e para que fim é dita. Se se conta uma história        para fazer-se caçoada do pecado, ou para coonestar e desculpar o        pecado (ou para gratificar a luxuria), é obscena. Se uma história        é contada para fazer os homens odiarem o pecado, para mostrar aos        homens a hediondez do pecado, para induzir os homens a darem ao  pecado tão        vasto desprezo quanto possível e mostrar ao homem sua carência        de redenção, não é obscena: é moralmente        salutar" (Difficulties and Alleged Contradictions and Errors in  the Bible).      
Se esses capítulos fossem obscenos, eles constituiriam  leitura favorita        nos antros do vício. Mas alguém alguma vez ouviu gente ruim        lendo a Bíblia para seu prazer luxurioso? Ela não tira prazer        da leitura da Bíblia, mas faz galhofa com ouvir os comentários        obscenos dos críticos. É o critico que é obsceno, não        a Bíblia. O coronel Ingersoll opôs-se à Bíblia        por revelar ações vis "sem um toque de humor", como se justo        fora a Bíblia ter feito uma caçoada do pecado e da imoralidade.      
V. VARIAÇÕES NUMÉRICAS
Traz-se uma objeção contra a inspiração verbal        por causa de variações numéricas.      
A respeito do número dos judeus, achamos que a soma dada em 1  Crônicas        21:5 de Israel é 1.100.000 e para Judá, 470.000, fazendo um        total de 1.570.000; ao passo que o número dado em 2 Samuel 24:9 de         Israel é 800.000 e de Judá é 500.000, fazendo um total        de 1.300.000. Esta discrepância é facilmente explicada por        notar-se que o número dado em Crônicas para Israel foi de homens        "dos que arrancavam espada", pelo que se entende que havia este  número        sujeitos ao serviço militar, enquanto que Samuel nos diz que em  Israel        havia tantos "valentes que arrancavam a espada", pelo que se quer  dizer        que havia esse número de homens que se distinguiram por bravura em         combate atual. A diferença a respeito de Judá foi ocasionada        pelo fato de Samuel ter dado o número total de homens em Judá,        ao passo que Crônicas da o número de homens sujeitos ao serviço        militar.      
Em outros lugares, tais como 1 Reis 7:26; 2 Crônicas 4:5; 2  Samuel        8:4 e 1 Crônicas 18:4 as diferenças numéricas são        provavelmente devidas a erros de transcrição. Os números        se indicam por letras em hebraico e uma pequena alteração        de uma letra muda grandemente o seu valor numérico.      
Não deverá parecer-nos estranho que as atuais cópias        da Bíblia contenham alguns erros menores. Não deverá        surpreender-nos qualquer coisa mais que a descoberta de alguns  erros de        revisão em nossas Bíblias. Não temos mais razão        para crermos em copistas infalíveis do que temos para cremos em  impressores        infalíveis. Verificando a laboriosa tarefa de se copiarem as  Escrituras        a mão, maravilhoso é que não haja mais erros menores.      
Noutro lugar uma diferença numérica (Números 25:9)        é para ser explicada como o uso perfeitamente legítimo de        números redondos em vez de exatos.      
VI. ALEGADO ENGANO DE MATEUS
Alega-se que Mateus atribuiu a Jeremias uma profecia que devera  ter sido        creditada a Zacarias.      
Este suposto engano de Mateus acha-se em Mateus 27:9,10. Aqui  Mateus parece        citar Zacarias 11:13, mas que isto não é absolutamente certo,        parece de uma comparação das duas passagens. Mateus não        faz uma citação verbal de Zacarias, portanto não se        pode manter com certeza que ele intencionou estar citando de  Zacarias. E,        enquanto não temos nos escritos disponíveis de Jeremias qualquer        passagem que realmente se pareça com a citação de Mateus,        estamos longe da necessidade de admitir que Mateus fez um engano.  Não        sabemos se temos todas as expressões proféticas de Jeremias.        Em Judas 14 temos mencionada uma profecia de Enoque que não  encontramos        em nenhum outro lugar da Bíblia. Não ouvimos de nenhuma objeção        ser trazida contra esta passagem. Mas suponde que algum outro  escritor na        Escritura tivesse dito algo semelhante às palavras atribuídas        a Enoque. Então o critico teria dito que Judas se enganou.      
Mais ainda, pode ser que os capítulos nono e onze do livro  atribuído        a Zacarias foram escritos por Jeremias. Muitos críticos crêem        que só os belos nove capítulos de Zacarias compõem        os escritos atuais deste profeta. Mateus estava em posição        muito melhor do que quaisquer dos seus críticos para saber de quem         ele estava citando. Supor que ele descuidadamente escreveu  Jeremias quando        pensou Zacarias, deixando-o sem subseqüente correção,        é supor um absurdo. E não há sinal que um copista fez        o erro.      
VII. SUPOSTO ENGANO DE ESTEVAM
Nossa objeção seguinte a considerar é uma alegada        contradição entre Gênesis 23:17,18 e as palavras de        Estevam em Atos 7:16.      
A isto respondemos:      
1. Mesmo que uma contradição pudesse ser feita aqui, nada        provaria contra a inspiração, pois Estevam não foi        um dos escritores inspirados.      
Lucas meramente recorda o que Estevam disse.      
2. Mas aqui não aparece contradição.      
As duas passagens não se referem à mesma coisa. O sepulcro        mencionado no Gênesis estava em Hebron; o mencionado por Estevam  estava        em Siquem. Isto torna claro que Abraão comprou dois sepulcros. No        caso do comprado em Hebron, ele comprou o campo rodeando o  sepulcro; mas,        no caso do em Siquem, nenhuma menção se faz à compra        do campo em redor.      
Este último fato explica uma outra alegada contradição.        Acusa-se que Gênesis 33:19 refere que Jacó comprou o sepulcro        em Siquém. Mas tal coisa não está afirmada em Gênesis        33:19: Diz simplesmente que Jacó comprou o campo na vizinhança        de Siquem; e, desde que os ossos de José foram enterrados neste  campo,        foi neste campo, com toda probabilidade, que se citou o segundo  sepulcro        de Abraão. Isto também parece do fato de o segundo sepulcro        de Abraão e do campo comprado por Jacó pertencerem primeiro        aos mesmos donos. Assim, neste último caso temos simplesmente  Abrão        comprando um sepulcro enquanto que, mais tarde, Jacó compra o  campo        em que se situou o sepulcro.      
VIII. AS GENEALOGIAS DE CRISTO
As duas genealogias de Cristo são tidas como contraditórias.        Para estas genealogias vide Mateus 1 e Lucas 3. A explicação        aqui é:      
1. Mateus dá a genealogia de Jesus por meio de José,  porque        estava apresentando Jesus como rei dos judeus.      
Portanto, ele desejou mostrar o seu direito legal ao trono, o  qual exigia        que Jesus descendesse de Davi através do Seu (suposto) pai.      
2. Lucas dá a descendência de Jesus por meio de Maria,        porque estava interessado em apresentar Cristo somente como o  Filho do Homem.      
Logo, é natural que ele désse a presente descendência        humana de Cristo, mais do que Sua descendência suposta e legal;  mas,        invés de inserir o nome de Maria, Lucas inseriu o nome de José,        porque não era costume aparecer os nomes de mulheres nas taboas  genealógicas.        José é dito ser o filho de Heli, mas, num sentido vago, isto        pode significar nada mais senão que José era genro de Heli.        Os Targuns nos dizem que Heli era o pai de Maria.      
3. Em contrário ao que há pouco se disse sobre a menção        de mulheres nas taboas genealógicas, Mateus menciona quatro; mas        em cada caso há razão especial para semelhante menção.      
John A. Broadus, no seu comentário sobre Mateus, diz do  aparecimento        dos nomes de Tamar, Raabe e Rute na genealogia de Mateus, e a  menção        da esposa de Urias (Batséba): "Isto parece ter sido feito porque        cada uma das quatro veio a ser mãe na linhagem messiânica num        modo irregular e extraordinário, pois em recontar-se uma longa  lista        de nomes é muito apto a mencionar-se algo desusado que se prende        a este ou aquele indivíduo". E é preciso notar que, mesmo        em Mateus, estas mulheres são meramente referidas. Os seus nomes        não permanecem em lugar do parente paterno. Conseqüentemente,        nada há aqui que indique que o costume não justificou a Lucas        omitir o nome de Maria na linhagem direta.      
4. Uma ulterior dificuldade quanto ao pai de Shealtiel,  Mateus dando        Jeconias e Lucas dando Néri, é para ser explicada pelo fato        que Lucas deu toda a ascendência, ao passo que Mateus deu apenas a         linhagem real só até Davi.      
Jeconias é o mesmo que Joaquim, um dos últimos reis de Judá.      
IX. A INSCRIÇÃO SOBRE A CRUZ
As quatro narrativas da inscrição sobre a cruz têm        sido sujeitas a criticas. Mas notemos:      
1. Não temos indicações que cada um dos escritores        pensou estar dando tudo quanto estava na inscrição.      
2. Nem um dos escritores contradiz-se atualmente com os  demais.      
Podemos ver melhor este fato por arranjar as narrativas da  inscrição        como segue:      
Mateus 27:37 ! "Este é Jesus  .....................................................        o Rei dos Judeus".      
Marcos 15:26 !  ".........................................................................         o Rei dos Judeus".      
Lucas 23:38 ! "Este é  ................................................................        o Rei dos Judeus".      
João 19:19 ! "..............................................  Jesus        de Nazaré, - O Rei dos Judeus".      
Total ................................................. "Este  é        Jesus de Nazaré, - o Rei dos Judeus".      
3. Assim como se requer dos quatro evangelistas que nos  dêem um        retrato completo de Jesus, assim deles se requer que nos dêem uma        relação completa da inscrição sobre a cruz.      
Os diferentes aspectos de Jesus e do Seu ministério, conforme  estão        estabelecidos no Evangelho, indicam-se no seguinte verso:      
"Mateus, Messias, o Rei de Israel estabelece-se, morto por  Israel; Mas        Deus decretou que a perda de Israel fosse o ganho dos gentios.  Marcos conta-nos        de como em paciente amor esta terra foi uma vez pisada por um, que  em forma        de servo era contudo o Filho De Deus. Lucas, o médico, conta de um         médico ainda mais hábil, O qual deu Sua vida como Filho do        Homem, para curar-nos de Todo mal. João, o amado de Jesus, vê        nEle o Filho do Pai; o Verbo eterno feito carne, contudo Um com o  Pai.      
Pode ser que a inscrição diferia nas três línguas,        e que isto justifica, em parte, as diferenças nas narrativas.      
X. NARRATIVAS DA RESSURREIÇÃO
Objeta-se por causa de supostas contradições nas diferentes        narrativas da ressurreição.      
1. Mateus menciona somente o aparecimento de um anjo às  mulheres        no sepulcro (28:2-8), ao passo que Marcos diz que foi um jovem  (16:5-7)        e Lucas diz que havia dois homens (24:4-8).      
Não há contradição aqui. O jovem mencionado        por Marcos é evidentemente o anjo mencionado por Mateus. Anjo quer         dizer "mensageiro". O mensageiro de Deus às mulheres foi uma  aparição        sobrenatural na forma de um moço. Um anjo é um espírito        e não tem corpo material de si próprio, mas pode assumir um        corpo temporariamente.      
2. Marcos diz que a mensagem do anjo foi entregue às  mulheres        depois que elas entraram no túmulo. Mateus não faz menção        da entrada no sepulcro.      
Mas aqui não há contradição, porque Mateus        não diz que as mulheres não entraram no túmulo antes        que o anjo deu a mensagem.      
3. Lucas menciona os dois homens em pé, enquanto que  Marcos menciona        o jovem sentado.      
Isto se explica facilmente por supor-se que o que falou (e,  sem duvida,        o outro também) estava sentado quando primeiro visto, e que se  levantou,        como seria natural, antes de se dirigir às mulheres. Lucas não        diz que os dois homens não estavam sentados quando as mulheres  entraram        no túmulo e Marcos não diz que o seu jovem não se ergueu        antes de falar.      
4. Lucas diz, ao relatar a mensagem às mulheres: "Eles  lhes disseram",        ao passo que Marcos diz: "Ele lhes disse".      
Um desses homens provavelmente fez a fala; não se  assemelhariam        a crianças na escola recitando a mensagem em uníssono. Mas        o outro concorreu à mensagem. Portanto, o relato de cada escritor        é válido. Quando uma pessoa fala e outra entra na conversa,        é perfeitamente natural dizer-se que ambas disseram o que está        dito.      
5. A mensagem dos anjos não está relatada por todos os        escritores com as mesmas palavras.      
Mas isto não apresenta dificuldade real, porque nenhum deles  indica        que está dando a mensagem verbalmente.      
(João 20:11-13 não está considerado aqui em conexão        com o precitado porque recorda uma ocorrência mais tarde).      
XI. CHACINA DE NAÇÕES PAGÃS
A ordem concernente à chacina das nações pagãs        na terra de Canaã tem dado lugar a uma objeção. Vide        Deuteronômio 20:16,17.      
1. Deus afirma que punirá os ímpios no inferno por toda        a eternidade.      
Se Deus tem o direito de fazer isto (e quem o negará?), não        terá Ele o direito de ordenar tirar-se-lhes a vida física        quando Lhe apraz assim fazer? Por que, então, duvidar que Deus  inspirou        esta ordem?      
2. Foi um golpe de misericórdia cortar esses povos  prematuramente        em sua iniqüidade, que por mais dias só lhes traria maior castigo        no inferno.      
Nenhum dos adultos que foram trucidados na sua impiedade foi  dos eleitos;        porque todos os eleitos que alcançam a responsabilidade vêem        a Cristo antes da morte; logo, é verdade que a continuação        da vida só podia envolver esses povos em maior castigo.      
3. Quanto às crianças entre essas nações,        se Deus aprouve levá-las para o céu na sua infância,        quem objetaria?      
Deus sabe melhor e faz tudo bem. A salvação das crianças        que morrem está tratada no capítulo sobre Responsabilidade        Humana.      
XII. O DIA COMPRIDO DE JOSUÉ
Traz-se objeção porque a Bíblia recorda que um certo        dia se prolongou pela parada do sol à ordem de Josué (Josué        10:12-14).      
1. Faz-se objeção à linguagem de Josué.      
Diz-se que a linguagem de Josué implica que o sol se move,  mas isso        não é mais verdade do que é verdade a nossa linguagem        comum ao falarmos que o sol nasce e se deita, como se ele se  movesse. Josué        usou simplesmente a linguagem da aparência, como fazemos hoje.      
2. Faz-se objeção à autenticidade da ocorrência.      
Tem-se dito que semelhante coisa subvertia todo o curso da  natureza mas,        absurdo como possa parecer aos nossos pseudo-sábios da crítica,        Heródoto, o grande historiador grego, conta-nos que os sacerdotes        egípcios lhe mostraram o arquivo de um dia comprido (Hist. 2:142).         E os chineses tem um arquivo de um dia comprido no reinado de Yeo,  que se        crê ter sido contemporâneo de Josué.      
XIII. JONAS E A "BALEIA"
Diz-se que a baleia não podia ter engolido Jonas. Notaremos  primeiro        que, quando corretamente traduzida, a Bíblia não diz que foi        uma baleia que engoliu Jonas. A palavra grega para baleia em  Mateus 12:40        significa simplesmente um "monstro marinho". Por outro lado,  notaremos que        a idéia de uma baleia não poder engolir um homem é        outra pretensão ignorante. No "Cruise of the Cachalot", Frank  Bullen        caracteriza a idéia que a guela de uma baleia é incapaz de        admitir qualquer objeto grande como "um pedaço de crassa  ignorância".        Ele relata como "um tubarão com quinze pés de comprimento        foi achado no estômago de uma baleia" e ele descreve este monstro        como "nadando a voga com o queixo inferior pendendo na sua posição         normal e sua imensa guela bocejando como alguma caverna  submarina". Nisto        Jonas podia ter escorregado tão facilmente que a baleia teria  ficado        escassamente cônscia de sua entrada. Outro testemunho notável        do Sr. Bullen é "que quando morrendo, a baleia sempre expulsa os        conteúdos do seu estômago" e diz que, quando apanhada e matada,        uma baleia de tamanho completo despejou do estômago alimento "em  massas        de enorme tamanho ... sendo algumas delas calculada terem o porte  de nossa        chocadeira, isto é, oito pés por seis por seis!" Ainda assim        dizem os críticos que a Bíblia está errada! A despeito        da asserção confiada dos críticos quereriam ser sábios,        que um homem não podia sobreviver à ação do        suco gástrico no estômago de um peixe, há casos arquivados        de homens serem engolidos por tubarões e saírem vivos. Contudo,        desnecessária é uma explicação que o Doador        da Vida podia ter conservado Jonas vivo miraculosamente.      
XIV. SACRIFÍCIOS ANIMAIS
Na base de Isaías 1:11-13; Jeremias 7:22; Amós 5:21-24; Miquéias        6:6-8 tem-se afirmado que os profetas denunciaram todos os  sacrifícios        animais e não os reconheceram como sendo de instituição        divina. Semelhante noção representa, sem dúvida, os        profetas como estando em conflito com o Pentateuco. Para vermos  que o Pentateuco        representa Deus ordenado sacrifícios animais, temos só de        examinar capítulos tais como Êxodo 12; Levítico 4:8,12        e 16.      
Em resposta à afirmação que os profetas denunciaram        todos os sacrifícios animais e não os reconheceram como sendo        de origem divina, notemos:      
1. Jeremias fala noutro lugar de sacrifícios como estando  entre        "às bênçãos coroantes de um dia mais feliz".      
Vide Jeremias 33:18. Isto é para se cumprir num dia quando  Deus        diz que Israel será para Ele "um nome de júbilo, de louvor        e glória, perante todas as nações da terra" (Jeremias        33:9). Então Israel não será mais uma nação        rebelde, andando em desobediência pertinaz. Farão então        as coisas que agradam ao Senhor e uma das coisas que farão,  segundo        Jeremias 33:18, é oferecer, por meio dos seus sacerdotes, ofertas        queimadas e sacrifícios continuamente. Jeremias fala disto com a        máxima aprovação.      
2. Amós condenou os sacrifícios de Israel só porque        juntamente com os seus sacrifícios a Deus tinham levado o  tabernáculo        de Moloque.      
Vide Amós 5:25,26. Com o culto idólatra tinham negligenciado        o juízo e a justiça. Por estas razões Deus odiou os        seus dias de festa. Vide Ezequiel 20:39. Eram fingimentos  hipócritas        de respeito por Jeová. Pelas mesmas razões Deus desgostou-se        dos seus cânticos. Concluiremos que Deus rejeitou todo cântico?      
3. O significado de Jeremias 7:22 é que Deus não falou        a Israel primariamente sobre sacrifícios no dia em que o tirou do        Egito e que não ordenou sacrifícios como um fim em si mesmos.      
Remove-se a dificuldade quando o ponto preciso do texto é  reconhecido.        A palavra "acerca" deverá ser vertida "com vista à matéria        de sacrifícios". Isto é, eles não são o fim        contemplado: eram só meios de alcançarem um fim mais elevado;        portanto, estavam enganados e errados todos quantos limitaram suas  vistas        ao sacrifício formal" (Robert Tuck, em A Handbook of Biblical        Difficulties).      
4. A linguagem dos outros profetas não é mais forte do        que a linguagem usada noutros lugares da Escritura, a qual não  pode        ser manifestamente tomada no absoluto.      
Em Êxodo 16:8 Moisés declarou a Israel: "Vossas murmurações        não são contra nós, senão contra o Senhor",        enquanto que, no verso 2, se diz que os filhos de Israel  "murmuraram contra        Moisés e Arão". E no Salmo 51:4 Davi disse na sua oração        a Deus: "Contra Ti, contra Ti somente pequei e fiz o mal em Tua  vista",        quando é certo que ele pecara contra Urias. Daí lemos: "É        um modo usual de falar da Escritura, para expressar a preferência        que se deve a uma coisa sobre outra, em termos que expressam a  rejeição        daquilo que é menos digno" (Lowth). E outra vez: "Henderson nota        sugestivamente que não é infreqüente na Escritura afirmar-se        uma coisa absolutamente que é verdadeira só relativamente.        Absolutamente Deus ordenou sacrifícios, mas não tais como        eles ofereceram, nem de obrigações finais" (Tuck, ibid.).        Mais: "A negativa no hebraico muitas vezes supre a falta do  comparativo,        não excluindo a coisa negada, mas só implicando a pretensão        primaz da coisa posta em oposição a ela" (Commentary by Jamieson,        Fausset, and Brown).      
Correspondendo ao acima, achamos em Oséias 6:6 tanto a  cláusula        negativa como a comparativa colocadas juntas como para indicar que  ambas        expressam a mesma verdade. E a última clausula, - "e conhecimento        mais do que ofertas queimadas" prove a chave para interpretar-se  todas as        denunciações dos sacrifícios de Israel.      
XV. O ESPÍRITO MENTIROSO NA BOCA DOS PROFETAS DE ACABE
Em 2 Crônicas 18:22 Mica está representando como declarando        a Acabe: "O Senhor pós um espírito mentiroso na boca destes        teus profetas". Isto faz-nos perguntar se Deus fez este espírito        mentiroso estar na boca dos profetas de Acabe. A resposta é que  Ele        não fez. O recordado aqui, juntamente com uma porção        de outras passagens, dá uma forte expressão ao que teve lugar        segundo a providência ou propósito permissivos de Deus. Vide        discussão da vontade permissiva de Deus no capítulo sobre        "A Vontade de Deus". Vide também Isaías 45:7, onde se diz        que Deus criou o mal. Isto é para ser explicado da mesma maneira        como a passagem precedente.      
Esta explicação é reforçada por uma comparação        de 2 Samuel 24:1 com 1 Crônicas 21:1. Na primeira passagem se diz        que Deus moveu Davi a computar Israel e na última se diz que Satã        "provocou Davi a numerar Israel". Deus moveu Davi permissivamente.  Todas        estas passagens tomadas em conjunto são mutuamente explanatórias.      
XVI. CITAÇÕES DO NOVO TESTAMENTO TIRADAS DO VELHO
Levanta-se uma objeção por causa de diferenças verbais        entre algumas passagens do Velho Testamento e a citação delas        em o Novo.      
Mas, como já notamos, em vez disto ser contra a inspiração        verbal, é um argumento a favor dela. Se Deus pôs mais sentido        nas passagens do Velho Testamento do que a linguagem podia  comunicar aos        homens, não foi privilégio todo Seu trazer este sentido ao        Novo Testamento? Deus tem direito de interpretar Suas próprias  palavras.        Na verdade, estas citações mostram a profundeza e amplidão        da Escritura e assim testemunham de sua inspiração.  
 Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
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