O QUE É A "DEPRAVAÇÃO TOTAL?
John MacArthur
A expressão "depravação total" (que não  pertence a João Calvino, mas é uma expressão que descreve seu ponto de  vista) contém em si uma ambigüidade infeliz. Muitos dos que se expõem  pela primeira vez a essa terminologia supõem ser este o seu significado:  Calvino ensinava que todos os pecadores são tão completamente maus  quanto podem ser.
Mas Calvino negava expressamente essa  idéia. Reconhecia que "em cada época, existem pessoas que, guiadas por  natureza, se empenham pela virtude durante toda a vida".[i] Ele sugeriu  que tais pessoas ("embora haja lapsos... em sua conduta moral")[ii]  possuem caráter recomendável, conforme o ponto de vista humano. "Por  meio do próprio zelo de sua honestidade, elas têm dado provas de que há  alguma retidão em sua natureza."[iii] Ele foi mais além: "Esses exemplos  parecem advertir-nos contra o sentenciarmos a natureza do homem como  totalmente corrupta, porque alguns homens têm, por seu impulso, não  somente sido excelentes em obras notáveis, mas também se comportado de  maneira honrosa durante a vida".[iv]
No entanto, Calvino prosseguiu afirmando  que isso, na verdade, remete-nos à direção contrária. Antes, "deve  ocorrer-nos que, em meio a esta corrupção da natureza, há algum lugar  para a graça de Deus, não a graça que purifica essa natureza, e sim que a  restringe interiormente".[v]
Nessa altura, Calvino estava descrevendo  o que os teólogos chamaram posteriormente de "graça comum" — a  influência restringente da parte de Deus que mitiga os efeitos do nosso  pecado e capacita até criaturas caídas a manifestarem — nunca com  perfeição, mas sempre de modo débil e gravemente prejudicado — a imagem  de Deus que ainda faz parte de nossa natureza humana, embora tenha sido  maculada pela Queda.
Em outras palavras, a depravação é  "total" no sentido de que afeta todas as partes de nosso ser — não  somente o corpo, não somente as emoções, mas igualmente a carne, o  espírito, a mente, as emoções, os desejos, os motivos e a vontade,  juntos. Não somos tão maus quanto podemos ser, mas isso acontece apenas  por causa da graça restringente de Deus. Nós mesmos somos totalmente  corruptos, porque de uma maneira ou de outra o pecado contamina tudo que  pensamos, desejamos e fazemos. Portanto, nunca tememos a Deus da  maneira como deveríamos, nunca O amamos como deveríamos e nunca Lhe  obedecemos com um coração completamente puro. Isso era o que significava  depravação total para Calvino.
O tratado completo de Calvino sobre a  depravação humana é um dos seus mais importantes legados. Depois de sua  obra a respeito da justificação pela fé, esse talvez seja um dos  aspectos mais vitais de seu sistema doutrinário. Ele trouxe  esclarecimento a um princípio crucial que caíra em obscuridade durante  séculos desde o conflito de Agostinho com Pelágio. Magnificar o  livre-arbítrio humano ou minimizar a extensão da depravação humana  significa tornar irrelevante a necessidade da graça divina e subverter  cada aspecto da verdade evangélica.
Uma vez que uma pessoa assimile a  verdade sobre a depravação humana, os princípios controversos e difíceis  da depravação se encaixam em seu devido lugar. A eleição incondicional,  a primazia e a eficácia da graça salvadora, a necessidade da expiação  vicária e a perseverança de todos os que Deus redime graciosamente são  conseqüências necessárias deste princípio.
Embora este capítulo não possa ser mais  do que uma introdução e um breve resumo da obra de Calvino quanto à  doutrina da depravação, podemos ver na maneira como ele lidou com este  assunto todos os melhores aspectos do ministério do grande reformador e  da sua abordagem da doutrina bíblica. Nisto, vemos Calvino no seu melhor  — perfeitamente informado da história da igreja, da filosofia humana e  dos melhores aspectos da tradição cristã, mas determinado resoluta e  incondicionalmente a submeter sua mente e ensino à verdade das  Escrituras.
Sua habilidade extraordinária de  enfrentar com franqueza assuntos difíceis, explicar de modo simples o  seu ponto de vista e sustentar a verdade de maneira bíblica é visto mais  poderosamente ou apresentada com mais excelência em seu tratado  marcante a respeito da depravação total.
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Traduzido por: Wellington Ferreira Copyright © Editora Fiel & Reformation Trust 2009. Retirado do livro: John Calvin, a Heart for devotion, doctrine  and doxology, cap. 11. (Reformation Trust, 2008). Permissões: O leitor tem permissão para divulgar e distribuir  esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e  que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright.  Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel. 
SER  TOTALMENTE DEPRAVADO SIGNIFICA QUE
TODOS NÓS PECAMOS, INDEPENDENTE DE TUDO?
John Piper
TODOS NÓS PECAMOS, INDEPENDENTE DE TUDO?
John Piper
"Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém  que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e  juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.  A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam  enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca  está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para  derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não  conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.  Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Sendo  justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em  Cristo Jesus" (Romanos 3. 10-18,23,24) 
Por John Piper. © Desiring God. Website:desiringGod.org
Original: John Piper - Does being totally depraved mean were always sinning no matter what?
Tradução e Legenda: voltemosaoevangelho.com
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
Original: John Piper - Does being totally depraved mean were always sinning no matter what?
Tradução e Legenda: voltemosaoevangelho.com
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