14 de out. de 2011

O Poder do Evangelho - Hernandes Dias Lopes


Romanos 1:16 Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. 



Resistindo a Satanás com Santa Violência - Thomas Watson (1620–1686)




Devemos agir com violência contra Satanás. Ele se nos opõe tanto pela violência explícita 
quanto pela perfídia secreta. Por causa da sua manifesta violência ele é chamado de o dragão 
vermelho; pela sua perfídia, de a antiga serpente.  Lemos nas Escrituras quanto às suas 
armadilhas e dardos. Ele fere mais com as suas armadilhas do que com os seus dardos.  
A Violência de Satanás.  Ele trabalha diligentemente para tomar de assalto o castelo 
do coração, instigando a paixão, a concupiscência,  e a vingança. Esses são os chamados 
dardos inflamados (Ef 6.16) porque põem sempre a alma em chamas. Por causa da sua 
ferocidade ele é cognominado de leão: “O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, como 
leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5.8); não para  morder (como diz 
Crisóstomo), mas para devorar.  
A Perfídia de Satanás. Aquilo que ele não consegue fazer pela força, se empenhará 
para alcançar pela  fraude. Satanás tem muitas maneiras ardilosas de tentar. Para adequar as 
suas tentações à índole e temperamento do indivíduo, Satanás estuda a fisionomia (isto é, os 
aspectos e as expressões faciais) e coloca as iscas apropriadas. Ela conhecia a inclinação 
cobiçosa de Acã e o tentou com uma barra de ouro. Ao vaidoso ele tenta com a beleza.  
Um outro ardil é conduzir os homens ao mal,  sub specie boni, sob o pretexto de um 
bem. Assim como o pirata engana exibindo uma bandeira falsa, também Satanás o faz 
exibindo a bandeira da religião. Ele leva alguns a cometerem ações pecaminosas persuadindoos de que muitas coisas boas resultarão delas. Algumas vezes lhes diz que podem deixar de 
lado a regra da Palavra e levar as suas consciências para além dessa fronteira, de modo a 
serem capazes de prestar um maior serviço — como se Deus precisasse do nosso pecado para 
exaltar a Sua glória. 
Satanás tenta ao pecado gradualmente. Assim como o lavrador cava em torno da raiz de 
uma árvore fazendo-a gradativamente perder a sua firmeza e, por fim, cair, Satanás infiltra-se 
gradualmente no coração. No princípio ele é mais moderado. Ele não disse a Eva de supetão: 
“Coma o fruto”; não, trabalhou mais sutilmente, fazendo uma pergunta: “Deus disse isso? 
Eva, você deve estar enganada. O dadivoso Deus nunca teve a intenção de lhe privar de uma 
das melhores árvores do jardim. Será que Deus disse isso? Certamente que não, e se o disse, 
não foi essa a intenção dEle”. Assim, pouco a pouco, ele a fez duvidar, e ela, então, colheu o 
fruto e o comeu. Oh, acautele-se dos primeiros impulsos, aparentemente mais modestos, de 
Satanás para lhe fazer pecar —  principiis obsta (isto é, opõe-te desde o começo)! No 
princípio ele é uma raposa, e em seguida, um leão. 
Satanás tenta ao mal in licits, nas coisas lícitas. Era lícito a Noé comer do fruto da vide, 
mas ele bebeu demais, e assim pecou. O excesso torna aquilo que é bom em mau. Comer e 
beber podem se converter em intemperança. Quando em excesso, a diligência na profissão é 
cobiça. Satanás leva os homens a um amor exagerado  por aquilo que fazem, fazendo-os 
transgredir naquilo que amam, assim como Agripina envenenou o seu marido Cláudio com a 
carne que ele mais gostava. 
Satanás inclina os homens a fazerem o bem motivados por maus motivos. Se ele não os 
puder ferir com ações escandalosas, ele o fará com ações virtuosas. Portanto ele tenta alguns 
a adotarem a religião como um modo de se promoverem e a dar esmolas para receberem 
aplauso, para que os outros possam ver as suas boas obras e canonizá-los. Tal hipocrisia 
contamina os deveres da religião e os faz perder a recompensa. 
O Diabo persuade os homens ao mal através daqueles  que são bons. Isso dá um falso brilho às suas tentações tornando-as menos suspeitas. Algumas vezes o Diabo usou os mais 
eminentes e santos homens como agentes das suas tentações. O Diabo tentou Cristo através de 
um apóstolo — Pedro a dissuadi-Lo de sofrer. Abraão, um homem bom, mandou sua mulher 
ser ambígua: “Dize, pois, que és minha irmã”.  
São essas as sutilezas de Satanás ao tentar. Agora, aqui temos que agir violentamente 
contra Satanás através da  fé: “resiste-lhe firmes na fé” (1Pe 5.9). A fé é uma graça sábia, 
inteligente; ela pode perceber o anzol que vai escondido na isca. Ela é uma graça heróica, é 
quem, acima de tudo, apaga os dardos inflamados de Satanás. A fé resiste ao Maligno. 
A fé protege o castelo do coração para que ele não  se renda. Ser tentado não torna o 
homem culpado, mas o assentir à tentação. A fé protesta contra Satanás.  
A fé não apenas não se rende, mas derrota a tentação. Em uma das mãos a fé agarra-se à 
promessa, e na outra, a Cristo. A promessa encoraja a fé, e Cristo a fortalece; a fé, portanto, 
expulsa o inimigo do campo de batalha. 
Temos que agir violentamente contra Satanás através da  oração. Nós o derrotamos 
quando ajoelhados. Assim como Sansão clamou ao céu por socorro, assim também o cristão, 
através da oração, busca forças de auxílio no céu. Em todas as tentações recorra a Deus pela 
oração. “Oh Senhor! Ensina-me a usar cada peça da minha armadura espiritual: como segurar 
o escudo, como usar o capacete, como manejar a espada do Espírito. Senhor, fortalece-me na 
batalha; é-me preferível morrer como conquistador, do que cair prisioneiro e ser arrastado em 
triunfo por Satanás”. Por isso devemos agir violentamente contra Satanás. Há um leão no 
meio do caminho, mas devemos nos decidir a lutar. 
Que isso nos encoraje a agir violentamente contra Satanás. Nosso inimigo já está 
derrotado em parte. Cristo, o Capitão da nossa salvação, na cruz, já o feriu de morte (Cl 2.15). 
A Serpente muito em breve será morta pela cabeça. Cristo esmagou a cabeça da antiga 
serpente. O Diabo é um inimigo em cadeias, conquistado. Portanto, não tema lutar contra ele. 
Resista ao diabo, e ele fugirá; ele não conhece outra alternativa senão fugir.

Tradução: © Marcos Vasconcelos 
marcos.tradutor@gmail.com 
Recife – Pernambuco - Brazil