8 de jan. de 2011

O Hipócrita por Dentro e por Fora – Thomas Brooks (1608-1680)



O interior de um hipócrita nunca corresponde ao seu exterior. O  interior de um hipócrita é uma coisa, e seu exterior é outra coisa; um hipócrita  é exteriormente limpo — mas interiormente impuro. Hipócritas são como os frascos dos farmacêuticos, tendo por fora o título de algum excelente remédio  — mas por dentro algum veneno mortal. Eles são como os templos egípcios,  que são belos por fora — mas dentro deles nada se encontra além de  serpentes e crocodilos, e outras criaturas venenosas.

Hipócritas laboram mais em prol de um bom nome do que de um bom coração; uma boa repercussão dos seus feitos do que uma boa consciência; eles são como violinistas, mais cuidadosos em afinar seus instrumentos do que  em vigiar suas almas. Hipócritas são como prata — porém escurecem; eles  possuem uma aparente santificação externa — mas interiormente são cheios  de malícia, mundanismo, orgulho, inveja, etc. São como almofadas de sofá, feitas de veludo e ricamente bordadas — mas cujo interior é cheio de feno.


Um hipócrita pode oferecer sacrifício com Caim, correr com Jezabel, se humilhar com Acabe, chorar com as lágrimas de Esaú, beijar Cristo com Judas, seguir a Cristo com Demas, e aparentar compromisso com Simão Mago; e ainda com tudo isto seu interior é tão mau quanto qualquer um deles.  

Um hipócrita é um Jacó por fora e um Esaú por dentro; um Davi por  fora e um Saul por dentro; um Pedro por fora e um Judas por dentro; um  santo por fora e um Satanás por dentro; um anjo por fora e um demônio por  dentro. Um hipócrita é um Judeu exteriormente — mas um ateu, um pagão,  um infiel interiormente. Li sobre certas estátuas, assemelhando-se a Júpiter e Netuno, que por fora eram cobertas com ouro e pérola — mas por dentro não tinham outra coisa senão aranhas e teias de aranha; a comparação perfeita  com os hipócritas.

Aquele monge acertou quando disse: “Mostrar ser um monge de forma externa foi fácil — mas ser, de fato, um monge, interiormente, foi difícil.” Mostrar ser um cristão de forma externa é fácil — mas ser, de fato, um cristão, interiormente, é muito difícil. O interior de um hipócrita nunca reflete  ou corresponde ao seu interior; seu interior é perverso, e seu exterior é piedoso. Mas que todos os hipócritas saibam: fingir santidade é duplamente  iníquo, e ao fim terão de responder por isto.  

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