31 de jan. de 2011

Amor Bíblico - Vincent Cheung




Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Sempre agradecemos a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vocês, pois 
temos ouvido falar da fé que vocês têm em Cristo Jesus e do amor que têm por todos os santos,
por causa da esperança que lhes está reservada nos céus, a respeito da qual vocês ouviram por 
meio da palavra da verdade, o evangelho que chegou até vocês. Por todo o mundo este evangelho 
vai frutificando e crescendo, como também ocorre entre vocês, desde o dia em que o ouviram e 
entenderam a graça de Deus em toda a sua verdade. Vocês o aprenderam de Epafras, nosso amado 
cooperador, fiel ministro de Cristo para conosco, que também nos falou do amor que vocês têm 
no Espírito. (Colossenses 1:3-8, NVI)

Assim como Paulo tinha em mente uma fé que é específica é “fé…  em 
Cristo Jesus” – ele tinha em mente um amor que também é específico – é o “amor 
que têm por todos os santos”. Alguns comentaristas observam que nessa passagem fé 
caracteriza nosso relacionamento “vertical” com Deus, enquanto amor caracteriza 
nosso relacionamento “horizontal” com outras pessoas. Isso é verdade na 
passagem em questão, mas seria um engano inferir a partir disso um amplo 
princípio que force rigidamente a distinção. O motivo é que, entre outras coisas, o 
amor deve caracterizar também nosso relacionamento vertical com Deus. 
Embora a fé seja algumas vezes associada com um sentimento de confiança, 
ela não deve ser identificada com o sentimento em si. Antes, fé é crença nas 
proposições divinamente reveladas e é em si mesma independente de sentimentos 
que podem oscilar. Sentir-se bem sobre uma proposição bíblica é diferente de crer 
nela. Da mesma forma, embora o amor seja algumas vezes acompanhado por certas 
emoções, o amor em si não é uma emoção. A idéia que o amor é uma emoção, ou 
está necessária e proporcionalmente associado com certas emoções, tem causado 
danos desastrosos ao desenvolvimento intelectual e ético de inúmeros crentes. 
A Bíblia fala de amor como a disposição de pensar e agir para com outras 
pessoas (incluindo Deus) de acordo com os preceitos e leis divinas – isto é, tratá-las 
como Deus nos manda tratá-las. Esse amor não tem nenhuma conexão direta e 
necessária com alguma emoção, a qual, sem qualquer conotação negativa inerente, 
definimos como um tipo de distúrbio mental. Esse distúrbio pode ser positivo ou 
negativo, mas é um distúrbio. 
Como Paulo escreve em Romanos 13, “Todos [mandamentos] se resumem 
neste preceito: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. O amor não pratica o mal 
contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da Lei” (v. 9-10). Note que o 
amor é o cumprimento e não a substituição da lei. Não tratamos as pessoas com amor                                               
ao invés de tratá-las de acordo com a lei. Antes, tratá-las com amor é tratá-las de 
acordo com a lei, ou mandamentos de Deus. 
Ele diz que os mandamentos, tais como “Não adulterarás” e “Não matarás” 
são resumidos no mandamento para amar. Um resumo não é diferente ou superior às 
coisas que ele expressa. Na realidade, para entender verdadeiramente os detalhes 
representados pelo resumo, devemos examinar as coisas que ele resume. Assim, o 
mandamento para amar não é diferente ou superior aos outros mandamentos – 
amor é definido por esses mandamentos em primeiro lugar. 
A Escritura define nosso amor para com Deus da mesma forma. Jesus diz 
aos seus discípulos em João 14:23, “Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra” 
– não que ele sentirá de certa forma ou terá certa emoção. Se ele ama, obedece. 
Então, ele diz: “O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os 
amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus 
amigos” (15-12-13). Não há nenhuma emoção aqui. O mandamento é amar, e esse 
amor significa ação heróica e sacrificial em benefício de outros. 
Muitas pessoas que se sentem totalmente perturbadas por dentro diante do 
mais leve sofrimento nos outros, nunca sacrificariam sequer o seu conforto pessoal 
para resgatá-las, para não dizer salvar a vida. Mas elas têm sido ensinadas – pela 
cultura, tradição, filosofias anti-cristãs, mas não pela Escritura – que isso representa 
compaixão. Eles gemem e choram por eles – isso não é amor? Embora possa 
permitir que se sintam muito compassivos e espirituais, isso não tem nada a ver 
com amor. 
Em seus momentos mais sóbrios, teólogos e comentaristas admitem que o 
amor bíblico tem a ver com pensar e agir de acordo com os mandamentos de Deus 
para com outras pessoas, e que tal amor não tem nada a ver com um tipo particular 
de distúrbio mental, ou emoção. A Escritura é clara sobre isso; não é algo difícil de 
reconhecer. Como um comentarista escreve: “A Bíblia fala do amor como uma 
ação e atitude, não apenas uma emoção… os cristãos não têm desculpa por não 
amar, pois o amor cristão é uma decisão de agir no melhor interesse dos outros”. 
Definir amor como uma emoção deixa alguém com uma desculpa, visto que 
nossos sentimentos podem oscilar. Além do mais, tal definição gera culpa 
desnecessária na pessoa que nem sempre sente o que pensa que deveria sentir para 
com as pessoas. E se amor é uma emoção, então que emoção exatamente? Isto é, o 
que se deve sentir? Mas de acordo com a Bíblia, se uma pessoa trata outras pessoas 
consistentemente de acordo com os mandamentos de Deus, a despeito de como se 
sente, então ela anda em amor. Por outro lado, a pessoa que não faz nada mais que 
desmoronar num descontrole emocional a qualquer sinal de sofrimento humano, 
não anda em amor. Ela é um aborrecimento sem amor, e poderia muito bem parar 
de fingir.  
Fonte: http://www.vincentcheung.com/

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