10 de dez. de 2010

A Parábola do Rico e Lázaro 1/7




O Mundo sem Seu Verniz – D. M. Lloyd-Jones


Se você quer saber como este mundo é, olhe para o que fizeram a ele. Lá estava o Filho de Deus. Ele deixou o trono dos céus, veio e se humilhou, entregou-se para curar e instruir as pessoas. Ele jamais causou dano a alguém. Ele veio fazer o bem. Mas qual foi a resposta do mundo? Ele foi odiado, perseguido e rejeitado. O mundo preferiu um assassino a ele, crucificando-o e executando-o. E lá na cruz, Jesus expôs o mundo como ele é. Mas os homens inteligentes deste século estão rindo, zombando e ironizando a cruz, estão caçoando do sangue de Cristo, em uma tentativa de ridicularizá-lo. Eles estão apenas repetindo o que os seus arquétipos fizeram no século I. Eis como o mundo sempre o tratou.

Porém, há um outro aspecto. Toda a sua ênfase constituiu-se no exato oposto da ênfase do mundo. Como temos visto, o mundo enfatiza a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a soberba da vida. O que Jesus enfatizou? Ele enfatizou algo a respeito do que o mundo jamais falou, ou seja, a alma.

Jesus disse: "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mc 8.36). E se você fosse o ser humano mais belo que o mundo já conheceu, se estivesse sempre trajado com as roupas mais deslumbrantes, se morasse no mais suntuoso palácio ou possuísse a maior coleção de automóveis e tudo o mais? Se você tivesse o mundo todo, mas perdesse a sua própria alma? Eis o que Jesus afirma sobre o mundo, principalmente lá na cruz: "Que daria um homem em troca de sua alma?" (Marcos 8.37). Por que ele morreu? Jesus morreu pelas almas dos homens, não pelo nosso bem-estar material, não pela reforma deste mundo, mas para salvar nossas almas. "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido" (Lucas 19.10). É a alma que está perdida. Aquilo sobre o que o mundo nada conhece, mas está em você e em todos nós, esta coisa imortal em nós que vai além da morte e do fim. Não, ele expôs a mentira deste mundo, mostrando como ele realmente é. Jesus contou uma parábola sobre o rico e Lázaro. O rico vivia em seu palácio, vestido garbosamente, em trajes maravilhosos, comendo na companhia de seus felizes amigos até fartar-se, enquanto o pobre mendigo permanecia sentado diante do portão, com os cães a lamber suas feridas. Bem, o Senhor disse, com efeito, não julgue superficialmente, este não é o fim da história. Jesus nos descreve a imagem de Lázaro ao lado de Abraão, enquanto o rico padecia em tormento no inferno. E possível ver a diferença entre a mente e a perspectiva do mundo, e a mente e a perspectiva do Pai e do Filho de Deus. Ele expõe o mundo como ele é. No instante em que você encontra a Cristo, consegue ver o mundo como algo que é seu inimigo, algo vergonhoso. Conscientiza-se do princípio da morte que há nele, e não vive mais nem se gloria nele.

A ostentação dos brasões, a pompa do poder,
E toda aquela beleza, toda a riqueza já obtida,
Da mesma forma aguarda, a inevitável hora,
Os caminhos da glória a nada levam, exceto ao túmulo.

Thomas Gray

Mas, espere um minuto, isto não é o fim. É o fim do ho¬mem como o mundo o vê, mas não é assim, pois nosso Senhor em sua cruz nos mostra o destino do mundo. Não apenas ele nos mostra o caráter do mundo, como também revela o destino que lhe está reservado. Eis porque o apóstolo se gloria na cruz. João diz: "Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo... a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida... O mundo passa, bem como a sua concupiscência..." (1 João 2.15-17). O mundo passa. Nesta geração, a qual eu e você pertencemos, há muitas coisas passageiras. Quantas mudanças qualquer um de nós que tenha cerca de 50 anos de idade já testemunhou ao longo da vida? O mundo, juntamente com sua glória, está sucumbindo bem diante de nossos olhos. "Mudança e decadência estão presentes em tudo o que vemos em derredor". Entretanto, isto nada representa comparado com o que finalmente irá acontecer a este mundo, pois o seu fim será o julgamento. "O mundo jaz no Maligno" (1 João 5.19). Nosso Senhor, pouco antes da cruz, afirmou: "Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso" (João 12.31). Este é o julgamento deste mundo, disse Jesus. Eu estou morrendo e, ao morrer, irei julgar o mundo.