8 de nov. de 2010

Como Não Cometer Idolatria ao Dar Graças - por John Piper



Jonathan Edwards tem uma palavra para o nosso tempoque dificilmenteseria mais penetrante se ele estivesse vivo hojeTem a ver com o fundamentoda gratidão.

A verdadeira gratidão ou agradecimento a Deuspor sua bondade paraconoscosurge de um fundamento lançado antesamar a Deus pelo que Ele éem si mesmoenquanto a gratidão natural não tem tal fundamentoantecedenteAs comoções graciosas de afeição grata para com Deuspelabondade recebidasempre procedem de um estoque de amor  presente nocoraçãoestabelecido em primeiro lugar sobre outro fundamentoa saberaprópria excelência de Deus. [1]

Em outras palavrasa gratidão que agrada a Deus não éem primeiro plano,um deleite nos benefícios dados por Deus (embora isso faça parte dela). Averdadeira gratidão deve estar enraizada em algo que vem antesisto éumdeleite na beleza e na excelência do caráter de DeusSe isto não for ofundamento de nossa gratidãoentão não está acima do que o “homem natural” — sem o Espírito e a novanatureza em Cristo — experimentaNesse casoa “gratidão” a Deus não Lhe é mais agradável do que todas asoutras emoções que os incrédulos têm sem deleitarem-se nele.

Você não seria honrado se eu lhe agradecesse freqüentemente pelos seus dons para comigomas não tivesseconsideração espontânea e profunda por você como pessoaVocê se sentiria insultadonão importando o quantoeu lhe agradecesse por seus donsSe o seu caráter e personalidade não me atraíssemnem me dessem alegria deestar na sua presençavocê se sentiria usadocomo uma ferramenta ou uma máquina para produzir as coisas queeu realmente amo.

O mesmo acontece com DeusSe não somos atraídos por Sua personalidade e carátertodas as nossasdeclarações de gratidão são como a gratidão de uma esposa ao marido pelo dinheiro que ela recebe dele parausar em seu relacionamento com outro homemEsta é exatamente a figura apresentada em Tiago 4:3-4. Tiagocritica os motivos da oração que trata a Deus como um marido de adúltera“Pedise não recebeisporque pedismalpara o gastardes em vossos deleitesAdúlteros e adúlterasnão sabeis vós que a amizade do mundo éinimizade contra DeusPortantoqualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”Por queele chama essas pessoas que oravam de adúlterasPorqueembora estivessem orandoestavam abandonandoseu marido (Deuse indo atrás de um amante (o mundo). E para piorar as coisasestavam pedindo a seu marido(em oraçãoque financiasse o adultério.

Surpreendentementeesta mesma dinâmica espiritual deficiente é verdadeiraàs vezesquando as pessoasagradecem a Deus por ter mandado Cristo para morrer por elasTalvez você  tenha ouvido alguém dizer oquanto devemos ser gratos pela morte de Cristoporque ela nos mostra o grande valor que Deus nos deuQual éo fundamento desta gratidão?

Jonathan Edwards chama isso de gratidão de hipócritasPor quêPorque,
primeiro eles se regozijam e se elevam com o fato de que são muito estimados por Deuse entãosobre essefundamentoDeus lhes parece de certa forma amável… Eles se alegram no mais alto grau em ouvir o quantoDeus e Cristo os estimaPortantoo gozo deles é na verdade um gozo em si mesmose não em Deus.[2]

É chocante descobrir que uma das descrições mais comunshojesobre como responder à cruzpode ser umadescrição de amor natural por si mesmosem qualquer valor espiritual.
Faremos bem em dar ouvidos a Jonathan EdwardsEle não estava apenas nos explicando a verdade bíblica deque devemos fazer todas as coisasincluindo dar graçaspara a glória da Deus (Coríntios 10:31)? E Deus não églorificado se o fundamento da nossa gratidão é o valor do dome não a excelência do DoadorSe a gratidão nãoestá enraizada na beleza de Deus antes do domela provavelmente é uma idolatria disfarçadaQue Deus nosconceda um coração que se deleite nele por aquilo que Ele épara que toda a nossa gratidão por seus dons seja oeco da alegria na excelência do Doador!

Excerpted from John PiperA Godward Life (SistersOregonMultnomah, 1997), 213-214.
[1] Jonathan EdwardsReligious AffectionsThe Works of Jonathan EdwardsVol. 2, New HavenYaleUniversity Press, 1959, orig. 1746, p.247.
[2] Jonathan EdwardsReligious Affectionspp. 250-251.

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