7 de out. de 2010

O "Jesus" dos SuperApóstolos - W. Lutzer


Ficamos perplexos com as semelhanças entre os falsos pro­fetas nas Escrituras e os falsos profetas de hoje. A Igreja do século I estava embebida de diversos mestres que enganavam os irmãos; eram pessoas que afirmavam ter revelações especi­ais de Deus. Paulo os descreve como "superapóstolos", por se acharem superiores e mais excelentes que o próprio apóstolo Paulo (2 Co II5, NVI)- Eles ganharam aceitação servindo-se de cartas de recomendação e afirmando levar os coríntios a um relacionamento mais pleno com Deus. Não disputavam a necessidade de ter fé em Cristo; diziam que se o indivíduo se tornasse judeu, receberia tudo que Deus tem para ele.
Esses apóstolos se mostravam mais sábios que Paulo, por­que apelavam às necessidades das pessoas de forma que Paulo não o fazia. Tinham a chave de uma espiritualidade mais pro funda, apresentando uma mensagem mais completa* Paulo, segundo eles, possuía somente parte da verdade, ao passo que eles tinham tudo. Eram também oradores que expunham suas idéias com convicção e estilo. Tinham conhecimentos secretos, insights especiais e novas revelações. O evangelho de Paulo parecia fraco em comparação ao deles; na verdade, a presença dele era quase um embaraço para eles. Falavam do apóstolo: Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra, desprezível" (2 Co 10.10). Hoje, há muitos profetas e falsos mestres na televisão, e é nossa responsabilidade distinguir o falso do verdadeiro, ou pelo menos o falso do meio-verdadeiro. Não somos infalíveis e, em alguns casos, teremos simplesmente de admitir que não temos informação o suficiente para fazer um julgamento. Contudo, em virtude do fato de Jesus ter nos advertido sobre a proliferação de falsos mestres e porque alguns estão notoriamente cm desacordo com o ensino bíblico, temos de perguntar: Por quais critérios eles devem ser julgados?
Suponha que estejamos assistindo a um evangelista ou ope­rador de milagres pela televisão. Quais critérios usaremos para determinar se este indivíduo é autêntico, um líder espiritual a ser seguido e apoiado? Permita-me encorajá-lo a abrir a Bíblia em 2 Coríntios II, com o objetivo de que me acompanhe na consideração que faremos sobre a descrição que Paulo faz dos falsos mestres de seus dias. Este exame nos servirá de guia para discernir o verdadeiro mestre do falso; ou, poderíamos dizer, discernir a verdade das meias-verdades que ouvimos com freqüência. Estas são algumas das características:
Os Falsos Profetas Têm um Jesus Próprio

Paulo escreve: "Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espí rito que não recebestes" (2 Co 11»4) Quem era este Jesus a quem os "superapóstolos" pregavam? Eles criam que Jesus morreu na cruz, mas que sua obra não era o bastante; o indi víduo tinha de se tornar judeu e acrescentar as obras da lei ao que Jesus fizera» E, se ele se tornasse judeu, o cristianismo realmente daria certo; só assim o indivíduo poderia compre ender as mais profundas revelações de Deus.
Eles não negavam o que Paulo ensinava; apenas queriam fazer um acréscimo a mensagem. Scott Hafeman, que estu dou 2 Coríntios em detalhes, afirma que os mestres ensina vam que, considerando que Jesus sofreu, não temos de so frer" Em vez de ver Jesus como modelo de sofrimento, eles acreditavam que Cristo sofreu em nosso lugar e, assim, nos isentou de toda angústia» Redenção significava entrar na ple nitude das bênçãos terrenas que Jesus comprou para nós na cruz. Os falsos mestres ensinavam que as bênçãos do céu podiam ser nossas hoje.
Se desejamos desfrutar de vida e prosperidade, precisamos de duas coisas» Primeiramente, de saúde, visto que é impossível viver, padecendo de enfermidades físicas o tempo todo. Em segundo lugar, precisamos de riqueza, de forma que nossas necessidades e desejos sejam satisfeitos sem interrupção. O Jesus dos falsos profetas sofreu não tanto para nos resgatar de nossos pecados, mas para nos comprar as bênçãos do céu agora. Se o indivíduo desse somente mais um passo e se tornas se judeu, as completas bênçãos do Espírito seriam experimen tadas. Paulo diz, ao contrário, que todo ensinamento que adi ciona algo a cruz é a pregação de "outro Jesus".
No Aeroporto 0'Hare, de Chicago, deparei com uma mulher que lia A Oração de Jabez, e lhe perguntei quais eram  suas crenças religiosas. Ela disse que era mórmon e estava lendo o livro porque tinha aberto um novo negócio e queria que Deus o abençoasse. Quando lhe falei que tinha de con fiar em Jesus, ela respondeu: "Jesus... todos nós servimos a Jesus, e há somente um Jesus, não é mesmo?"
Não, expliquei, há muitos Jesus pelo mundo. O Movimento NovaEra crê no Jesus Cósmico que habita em todas as pessoas. Há o Jesus "Papai Noel" de alguns pregadores, que dá bênçãos a todos sem discriminação, independente da religião ou estilo de vida que a pessoa tenha. O grande filantropo Albert Schweitzer escreveu um livro, e neste afirmou que Jesus era ilusório. Com certeza se tratava de "outro Jesus". O falso Jesus dos dias de Paulo não estava pelas esquinas, nem era a criação de algum culto estranho. Era um Jesus que era proclamado, que era evidentemente pregado na igreja. Este Jesus era tão parecido com o verdadeiro Jesus, que Paulo temia que as pessoas não soubessem dizer a diferença.
Muitos proclamam um Jesus que lhes dará presentes e bênçãos; é o Jesus da prosperidade, o Jesus que cura, o Jesus que ama todos da mesma maneira e que nunca enviará nin guém para o inferno. O que eles não enfatizam é o Jesus que morreu na cruz para nos reconciliar com Deus; aquEle que voltará para julgar todos os que não obedecem ao evangelho.
Esses falsos profetas falam incessantemente sobre Jesus. Oram em nome de Jesus; fazem milagres em nome de Jesus. Pregam um Jesus que dá benefícios sem que a pessoa tenha de se arrepender; um Jesus que abençoa todos, pouco importan do em que creiam. Pregam um Jesus que não exige que sofra mos; todavia um Jesus que está ''a postos em nosso favor", pronto para dar as bênçãos que negarão qualquer sofrimento que apareça em nosso caminho. Este Jesus lhe dará dinheiro; resolverá seus problemas e fará praticamente todo milagre quevocê pedir. Eis um Jesus sensual; um Jesus de entretenimento.
O que torna tais profetas tão insidiosos, diz Paulo, é que eles têm "um espírito diferente"; quer dizer, são controlados por um espírito de natureza estranha. Em alguns casos, um demônio se oculta por trás do ensino, porque eles usam carisma a fim de parecer que exaltam a Jesus, porém seus ensinos são enganosos. Temos de manter em mente que o Jesus quedesejamos não é necessariamente o Jesus de que precisamos.
K. Neil Foster conta a história de uma mulher que buscava ajuda, porque fora possuída por um espírito que se identifica va por Jesus. Este "Jesus" a jogava no chão e se vangloriava de manter controle sobre certa congregação em outra cidade. Este espírito odiava o Senhor Jesus Cristo, e foi expulso por esse nome — o Senhor Jesus Cristo. Obviamente, há espíritos que tomam o nome de Jesus para confundir e enganar.
Como detectar este "outro Jesus"? Quando você assistir e ouvir um pastor, evangelista ou profeta, pergunte; A pregação da cruz é central para este ministério? Há ênfase na ne cessidade de arrependimento, santidade e submissão a Deus? Ele prega um Jesus que nos convida a sofrer, com a promessa de que Ele estará conosco ao longo do sofrimento? Ou apre senta um Jesus cuja função primária é nos dar as bênçãos do céu hoje mesmo?
As vezes, não haverá uma resposta simples a estas pergun­tas. Há mestres que se referem ao evangelho de vez em quan­do; ou, em certos casos, pregam a mensagem da cruz e a de prosperidade terrena como se as duas pudessem coexistir. Em outros, temos de distinguir o verdadeiro do que é meio-verdadeiro e reter julgamento pessoal. Outras vezes, osevangelistas do "outro Jesus" são fáceis de serem identificados. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário