8 de set. de 2010

Qual a Base para perdoar outros Cristãos? – John Piper


Qual a Base para perdoar outros Cristãos? – John Piper

Mas agora surge uma outra questão crucial. Se a promessa do juízo divino é a base para não guardarmos rancor dos inimigos não arrependidos, qual é a base para não guardarmos rancor dos irmãos em Cristo que não se arrependem? Nossa indignação moral diante de uma ofensa terrível não evapora só porque o ofensor é cristão. Aliás, talvez nos sintamos ainda mais traídos. E o simples "desculpe-me" parecerá absurdamente desproporcional à dor cruel e terrível da ofensa.


Mas nesse caso estamos tratando de irmãos em Cristo, e a promessa da ira de Deus não se aplica porque "agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8.1); "Porque Deus não nos [cristãos] destinou para a ira, mas para recebermos a salvação por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (lTessalonicenses 5.9). Agora, para onde olhamos a fim de escapar da "terrível condição judicial"? A quem nos voltamos para nos assegurar de que a justiça será feita — de que o cristianismo não é um escárnio da seriedade do pecado?


A resposta é: olhamos para a cruz de Cristo. Todas as injustiças cometidas contra nós por crentes foram vingadas na morre de Jesus. Isto está implícito no simples, mas surpreendente, fato de que todos os pecados de todo o povo de Deus foram colocados sobre Jesus (Isaías 53.6; ICoríntios 15.3; Gálatas 1.4; ljoão 2.2; 4.10; lPedro2.24; 3.18). O sofrimento de Cristo foi a recompensa de Deus para todo dano infligido por um irmão na fé (Romanos 4.25; 8.3; 2Coríntios 5.21; Gálatas 3.13). Por isso, o cristianismo não é leviano em relação ao pecado. Não acrescenta insulto ao prejuízo. Ao contrário, ele leva os pecados contra nós tão a sério que, para acertar essa conta, Deus enviou o próprio Filho para sofrer mais do que jamais poderíamos fazer alguém sofrer por algo que fez a nós.


Portanto, quando Deus diz "Minha é a vingança", o significado é maior do que talvez tenhamos pensado. Deus empreende a vingança contra o pecado não somente por meio do inferno, mas também por meio da cruz. Todo o pecado será vingado — de forma severa, profunda e justa. Ou no inferno, ou na cruz. Os pecados dos impenitentes serão vingados no inferno; os pecados dos arrependidos foram vingados na cruz.


Isso significa que não remos a necessidade nem o direito de nutrir amargura contra crentes ou incrédulos. A terrível condição judicial está quebrada. Deus interveio para nos libertar da exigência moral de recompensar as injustiças sofridas. Ele fez isso, em grande medida, ao prometer: "Minha é a vingança; eu retribuirei". Se crermos nele, não ousaremos tomar a vingança em nossas mãos. Antes, glorificaremos a total suficiência da cruz e a terrível justiça do inferno ao viver na certeza de que é Deus quem vindicará rodas as injustiças — não somos nós. Nossa tarefa é amar. A de Deus é acertar as contas de forma justa. E a fé na graça futura é a chave para a liberdade e o perdão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário