19 de set. de 2010

Promessas Condicionais – John Piper


COMO PODEMOS CRER EM PROMESSAS CONDICIONAIS

Há ainda outras condições para a graça futura. Discutiremos quais são e como se relacionam com a fé e a liberdade da graça no próximo capítulo. Mas aqui quero voltar à pergunta feita no início acerca de Romanos 8.28, isto é, como você pode crer em uma promessa duplamente condicional? "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito'. Duas condições: 1) amar a Deus; 2) ser chamado. Como você crê nessa promessa sem pensar equivocadamente que ela se aplica a você quando, na realidade, não se aplica?

PRIMEIRA CONDIÇÃO: AMAR A DEUS

Para crer em uma promessa condicional sem se iludir, você precisa estar seguro de que a condição é verdadeira no seu caso. O que isso significa no caso de Ro¬manos 8.28? Significa estar seguro de que você é alguém que "ama a Deus". Isso é uma condição diferente da condição da fé? É aqui que nossa discussão acerca da essência da fé nos Capítulos 15 e 16 se torna crucial. Nesses capítulos veio à tona a essência da fé salvífica e santificadora como o estar satisfeito com tudo o que Deus é para nós em Jesus. Também vimos que outra forma de descrever essa essência é a linguagem de amar a Deus, isto é, ter prazer nele, ou desfrutar dele, ou apreciá-lo. Concordamos com Jonathan Edwards que disse: "o amor é o principal aspecto da fé salvífica, ávida e o poder pelos quais produz grandes resultados".

Por isso, a condição da promessa em Romanos 8.28 não contraria a condição da fé, mas é na realidade outra forma de dizer que precisamos ter fé genuína, não somente consentimento intelectual. Deus não age em todas as coisas para o bem de quem simplesmente crê que ele o fará. Ele age em todas as coisas para o bem de quem o ama, isto é, de quem está satisfeito com tudo que ele é em Jesus. A experiência de estar seguro de que você ama a Deus é a mesma que experimentar o prazer em tudo que Deus é por você em Jesus. Quando você caminha nessa experiência, ama a Deus. E nessa experiência há o elemento essencial da fé salvífica.
Isso quer dizer que as condições dadas por Deus com a promessa de Romanos 8.28 têm o propósito de deixar clara a verdadeira natureza da fé na promessa de Deus. Você não pode crer nas promessas de Deus de maneira salvífica sem compreender e receber espiritualmente a excelência e a beleza de Deus. Essa compreensão e aceitação são a essência da fé.

SEGUNDA CONDIÇÃO: SER CHAMADO

Essa é também a evidencia fundamental do fato de você ter sido chamado por Deus. Essa é a segunda condição apresentada em Romanos 8.28: "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito'. Argumentei anteriormente neste Capítulo e no Capítulo 9 que ser chamado por Deus nesse contexto é um ato da graça divina pelo qual Deus desperta o pecador da morte e lhe dá um novo coração. E o cumprimento da promessa da nova aliança em Deuteronômio 30.6: "Deus circuncidará o coração de vocês para que o amem".

Em outras palavras, as duas condições da graça futura em Romanos 8.28 são dois lados da mesma moeda. Do lado de baixo está a obra de Deus "chamando" à existência o novo coração de amor a Deus. E no lado de cima está a experiência dessa obra divina — o amor a Deus. O teste para saber se foi chamado é o coração se abrir para a graça divina e ser atraído a Deus com uma satisfação que vence todos os encantamentos concorrentes do mundo e liberta para a vida de amor.

EM SUMA, A CONDIÇÃO DA GRAÇA FUTURA É FÉ

Por isso, as duas condições de Romanos 8.28 são simplesmente esclarecimentos do real significado de confiar em Deus para cumprir essa grande promessa da graça futura. Confiar nele para o cumprimento dessa promessa não é só crer que ele vai agir para seu bem. Você pode crer nisso e, ainda assim, estar enganado. Significa olhar por meio da promessa para aquele que promete, e, pela graça — isto é, pelo chamado soberano — compreender nele a excelência e a beleza que satisfarão seu coração para sempre; e então receber essa beleza como o te¬souro principal mais precioso que todas as coisas que o mundo pode oferecer. Esse é o significado de amar a Deus, e essa é a essência da fé na graça futura. Quando você possui essa fé — quando satisfaz essa condição do chamado gracioso e divino — Deus age em todas as coisas para seu bem.

A promessa da graça futura é condicional. Mas não é conquistada. E não é merecida. Ela é crida, confiada; nela se espera. E a essência dessa fé e confiança e esperança é estarmos satisfeitos com tudo que Deus é para nós em Jesus. Com essa satisfação vem a certeza de que essa promessa inacreditável é verdadeira para nós. E com essa confiança surge um modo de vida radical e livre de obediência sacrificial que chamo vida pela fé na graça futura.

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