3 de set. de 2010

Orando Pelo Espírito – Vincent Cheung

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“Pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito” (Efésios 2:18)

A Bíblia ensina que devemos orar por intermédio do Filho, ao Pai, através do Espírito. Mas nem todos têm o Filho (1João 5:12), e nem todos têm o Espírito (Romanos 8:9); logo, nem todos podem orar ao Pai. É importante compreender a relação entre a oração e a exclusividade do Cristianismo, pois se nem todos têm acesso a Deus, então aquele que ora mais adequadamente tem uma percepção correta acerca do que e de quem ele é perante Deus. Ele ainda é um inimigo de Deus, ou Deus mudou o seu coração e deu-lhe a dádiva da fé para abraçar o evangelho?

A exclusividade do Cristianismo continua a ser importante e relevante para o cristão, uma vez que ele deve reter um senso de gratidão e reverência pelo fato de ter sido escolhido para aproximar-se de Deus: “Bem-aventurado aquele a quem escolhes e aproximas de ti, para que assista nos teus átrios; ficaremos satisfeitos com a bondade de tua casa – o teu santo templo” (Salmos 65:4). Antes do que ter a arrogante e tola atitude de que Deus deveria agradecer ao homem por crer no evangelho, o indivíduo humano deve desenvolver sua nova vida “em temor e tremor” (Filipenses 2:12-13), ciente de que é aceito na presença de Deus somente por causa do prazer e critério do próprio Deus.
O cristão não fez nada para merecer a salvação, e em si mesmo não é melhor do que o não-cristão, que será condenado ao castigo eterno no inferno. Assim, o cristão não pode se vangloriar de nada, seja pelo seu bom senso em escolher a Cristo, visto que Cristo diz “vocês não me escolheram, mas eu os escolhi” (João 15:16), ou seja pela sua superioridade moral, visto que “como os outros, éramos por natureza merecedores da ira” (Efésios 2:3). Assim, portanto, aquele que se gloria não glorie-se em si mesmo, mas glorie-se no que Deus fez por ele em Cristo (1 Coríntios 1:31).

O cristão em si não era intelectual e moralmente superior ao não-cristão. Mas não faça confusão neste ponto – uma vez que Deus o muda e salva, o cristão é de fato intelectual e moralmente superior. Falsa humildade e ignorância bíblica podem justificar a negação desse ponto por muitos crentes, mas a Bíblia ensina que somos iluminados e santificados em Cristo, e que o nosso crescimento espiritual envolve acréscimo em conhecimento e santidade. Além disso, a Bíblia chama os descrentes de tolos e perversos em contraste com aqueles que têm sido mudados por Deus através de Cristo.

Se você não tem sabedoria superior, como Deus define sabedoria, então você não tem sido iluminado; se você não tem um caráter superior, como Deus define caráter, então você não tem sido transformado. Logo, se você não é intelectual e moralmente superior aos incrédulos, Deus não fez nenhuma obra em você, e você não é nem mesmo um cristão. Negar que os cristãos são intelectual e moralmente superiores aos não-cristãos é contradizer a Escritura e insultar a obra de Deus.

O Espírito Santo dá aos cristãos acesso a Deus, tornando possível a oração. Mas ele nos auxilia também em outro aspecto:

“Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus” (Romanos 8:26-27).

Alguns dos gregos compreenderam as nossas limitações no que diz respeito a orar, chegando a conclusões similares sobre esse ponto: “Pitágoras proibiu seus discípulos de orarem por si mesmos, porque, disse ele, nunca poderiam em sua ignorância saber o que lhes era mais conveniente. Xenófanes nos conta que Sócrates ensinou seus discípulos a tão somente orar por coisas boas, sem tentar especificá-las, deixando Deus decidir no que consistiam essas coisas boas”.

O cristão não está em tal condição infeliz, uma vez que a Escritura revela um considerável nível de conhecimento sobre a vontade de Deus, por onde podemos deduzir muita informação para entender e interpretar nossas situações particulares. A Bíblia em si reivindica ser suficiente, o que significa que se você tem um conhecimento completo do seu conteúdo, e se segue plenamente o que ela ensina, nunca irá transgredir a vontade de Deus. É claro, ninguém tem um conhecimento completo da Bíblia, e ninguém a segue plenamente, e assim precisamos regularmente pedir perdão a Deus. O ponto é que a Bíblia em si contém informação suficiente, e então quando falhamos em ter uma vida perfeita diante de Deus, não podemos nunca dizer que isso acontece porque a Bíblia seja insuficiente (2Pedro 1:3).

Isso dito, uma vez que com freqüência não sabemos tudo sobre uma situação, incluindo mesmo a nossa, e desde que não podemos conhecer todas as relações entre vários eventos e escolhas, algumas vezes não sabemos o que é o melhor para se orar em alguma situação. Podemos saber o que queremos quando isso envolve a nossa vida pessoal, porém mesmo neste caso não podemos saber se o que desejamos é sempre o melhor, ou se isso se conforma ao propósito específico que Deus tem para as nossas vidas.

Isso corresponde a dizer que não somos oniscientes, e não que a Escritura disponha informação insuficiente. Não é pecado falhar em conhecer tudo, mas aqui reside o problema prático de não saber o que orar. Isto é, não é uma questão de carecer da informação necessária para exercer a santidade, uma vez que a Escritura é de fato suficiente, mas é uma questão de incapacidade prática em decorrência das nossas limitações humanas.

O Espírito nos dá acesso a Deus, então podemos orar, mas nem sempre sabemos o que convém orar. Assim, Paulo diz: “o próprio Espírito intercede por nós com gemidos que não podem ser expressos em palavras”.

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