7 de set. de 2010

O que acontece se você não "vigiar e orar"? – John Owen


Use, por favor, sua imaginação e crie estas quatro cenas.

Primeira cena

Imagine que solicitaram a você fazer uma visitar ao hospital. Os preparativos foram feitos de tal maneira que você só visite aqueles que estão morrendo. Algumas pessoas estão tão magras que quase é possível contar os seus ossos. Não há cor em suas peles; resta-lhes muito pouca força e mal conseguem falar sussurrando. Outros estão, obviamente, sofrendo grandes dores, mesmo tendo recebido doses adequadas de analgésicos. Ainda outros sofrem de doenças muito desagradáveis. Indo de cama em cama você pergunta aos pacientes como foi que chegaram à situação em que se encontram. Em cada caso, eles contam como foi o começo de sua condição e como foi que contraíram as doenças de que padecem agora, e que os estão matando. Uma visita como essa teria, por certo, o impacto de levar você a tentar evitar as coisas que conduziram essas pessoas a um leito de morte.

Segunda cena

Imagine uma visita a um país no qual ainda vigora a pena de morte. Durante sua visita você é levado ao pavilhão no qual estão os criminosos condenados à morte. Ao encontrá-los você lhes faz a mesma pergunta: o que fez com que chegassem a este fim tão triste. Imagine que cada prisioneiro lhe conte exatamente a mesma história. Uma visita como essa levaria você a evitar que as mesmas coisas sucedessem com você.
Terceira cena

Procure imaginar um ajuntamento de cristãos que compartilhem uma coisa em comum; todos entraram em tentação e saíram dela muito mal. Todos ao seu redor são almas pobres, miseráveis, feridas espiritualmente. Uma está ferida por um pecado, outra por outro; uma caiu na impureza da carne, outra na do espírito. Mais uma vez, é seu dever perguntar a cada uma dessas pessoas como foi que chegaram à sua condição atual. Todas elas concordam em dizer: "Ah! Nós entramos em tentação, fomos vítimas das astutas ciladas do diabo, e esta é a consequência"!

Quarta cena

Imagine, se lhe for possível, uma visita aos condenados ao inferno, ver as pobres almas presas nas cadeias tenebrosas e ouvir seus gritos. Ouça o que essas pobres almas dizem. O que estão dizendo? Não seria verdade que estão amaldiçoando seus tentadores e as tentações nas quais entraram e que as trouxeram a este lugar amaldiçoado? A realidade de tais sofrimentos e sua angústia desafia a imaginação mas não altera a realidade. Poderia você pensar nestas coisas e não levar mais a sério o perigo de entrar na tentação?

Salomão nos fala dos simples que seguem a adúltera e não sabem que: "...ali estão os mortos" (Prov. 9:18), "...a sua casa é caminho para a sepultura" (Prov. 7:27), e "...os seus pés descem à morte" (Prov. 5:5). Esta é a razão pela qual são tão facilmente atraídos e seduzidos (Prov. 7:21,22). O mesmo se dá com todos os tipos de tentação. Quão poucas pessoas sabem que a tentação conduz à morte. E possível que se as pessoas cressem nisso e considerassem seriamente para onde a tentação as conduz, elas passariam a ser mais cuidadosas e vigilantes. Infelizmente, muitas pessoas se recusam a crer nisso. Pensam que podem brincar com a tentação e que tudo terminará bem. Essas pessoas ignoram ou se esquecem da advertência: "Tomará alguém fogo no seu seio, sem que os seus vestidos se queimem? ...andará alguém sobre brasas, sem que se queimem os seus pés?" (Prov. 6:27,28). A resposta é um ressonante "NÃO"! As pessoas não saem da tentação sem feridas, queimaduras e cicatrizes.

Este mundo está cheio de tentações. Está, também, cheio de cenas trágicas de muitos que foram levados à ruína pela tentação. E, portanto, o caminho da sabedoria ouvir o chama-mento do Salvador para vigiarmos e orarmos. Este chamado é vital. Considere estes pensamentos finais. Talvez você também possa ser persuadido a vigiar e orar.


1. Jesus diz: "vigiai e orai"

Agirmos em consonância com este chamado de Jesus é o único caminho que Deus deu para nos preservar de entrar na tentação e cair no pecado. Negligenciar este recurso significa queda na certa. Não se engane pensando que isso não pode acontecer com você. É possível que você já seja um discípulo experimentado, que odeie vigorosamente o pecado e pense que é impossível que venha a ser seduzido a praticar certo pecado. Não se esqueça, contudo, de que aquele que pensa estar de pé (quem quer que seja), deve tomar cuidado para que não caia.

Você pode ter recebido muita graça no passado; você pode ter desfrutado de maravilhosas experiências; você pode ter tomado muitas decisões de permanecer firme. Nenhuma delas o guardará de cair a não ser que vigie em oração. "O que, porém, vos digo", diz Cristo, "digo a todos: vigiai!" (Mar. 13:37). Pode ser que apesar do seu descuido no passado, o Senhor o tenha preservado de entrar em tentação. Se for esse o seu caso, não presuma que o Senhor sempre manifestará Sua bondade. Acorde, seja agradecido por Sua ternura e paciência, e comece a vigiar antes que seja muito tarde. Se não desempenhar este dever, será tentado de uma maneira ou de outra, a praticar iniquidades carnais ou espirituais. Você será maculado. Quem sabe dizer quais serão as conseqüências? Lembre-se de Pedro! Lembre-se de Judas!

2.      Jesus Cristo está sempre olhando para você

O que você acha que o Senhor Jesus pensa e sente quando vê uma tentação se aproximando de você e você está dormindo profundamente? Deve entristecê-lo vê-lo expor-se a um perigo tão grande depois que Ele o advertiu tantas vezes. Quando Jesus viveu na terra Ele Se preocupou com a tentação quando ela ainda estava a caminho. Pôde dizer: "aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim" (João 14:30b). Ousaremos ser negligentes, tendo o Seu exemplo e sabendo que Ele está nos olhando? Imagine Cristo achegando-Se a você como fez com Pedro quando este dormia no jardim, com a mesma reprovação: "(tu) dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora?" (Mar. 14:37). Você não se entristeceria se Cristo tivesse que reprová-lo dessa maneira? Como se sentiria se ouvisse Cristo trove¬jando, lá do céu, contra sua negligência, do modo como o fez com a igreja em Sardes? (Apoc. 3:2).

3.      Deus disciplina aqueles que se recusam a vigiar e orar

Se negligenciar o vigiar e o orar, as consequências podem ser duas: cairá, certamente, no pecado, mais cedo ou mais tarde; Deus Se desagradará de você e poderá discipliná-lo. Cair no pecado é mau, mas Deus pode acrescentar a isso alguma disciplina ou juízo. Convencê-lo-á da Sua ira e do Seu desprazer. Lembre-se de Davi, que depois de ter caído, clamou a Deus: "exultem os ossos que esmagaste" (Sal. 51:8). Davi sabia o que era sentir o castigo de Deus (Sal. 32:4). O prazer que Davi sentiu no pecado durou muito pouco. O Senhor o perdoou livre e verdadeiramente, mas, ainda assim, o castigou severamente (veja 2 Sam. 12:7-19). Se seguir o exemplo de Davi e negligenciar o estar vigilante, também poderá vir a experimentar a amargura de sofrer o desprazer e o castigo de Deus.

Uma palavra final

Não se deixe envolver por coisa alguma que o leve à tentação. Evite toda aparência do mal e todos os caminhos que levam ao mal. De modo especial, vigie cuidadosamente sobre qualquer coisa que, no passado, o levou a tropeçar.

"Não sejais como o cavalo nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio, para que se não atirem a ti. O ímpio tem muitas dores, mas aquele que confia no Senhor a misericórdia o cercará."
- Salmo 32:9,10

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