4 de set. de 2010

Fomos, pois, sepultados com Ele (Rm 6.4) – João Calvino

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Ele então começa a mostrar o que está compreendido em nosso batismo na morte de Cristo, embora não nos apresente ainda uma explicação satisfatória. O batismo significa que, ao sermos mortos para nós mesmos, nos tornamos novas criaturas. Paulo corretamente passa da comunhão na morte de Cristo para a participação de sua vida. Visto que estas duas se acham inseparavelmente entrelaçadas, o nosso velho homem é destruído pela morte de Cristo, a fim de que sua ressurreição venha a restaurar nossa justiça e nos transforme em novas criaturas. E visto que Cristo nos foi dado para a vida, por que devemos morrer com ele, senão que ressuscitemos para uma vida muito melhor? Cristo, pois, expõe à morte o que é mortal em nós, a fim de verdadeiramente restaurar-nos à vida.


Notemos, além do mais, que o apóstolo, aqui, não nos exorta simplesmente a imitar a Cristo, como se nos quisesse dizer que a morte de Cristo é um exemplo apropriado para que todos os cristãos o sigam. Indubitavelmente, ele tem em mente algo muito mais elevado. Na verdade, ele está propondo uma doutrina que mais tarde usará como base hortativa. Sua doutrina, como podemos claramente ver, consiste em que a morte de Cristo é eficaz para destruir e subjugar a depravação de nossa carne; e sua ressurreição, para renovar em nós uma natureza muito superior. Também afirma que, por meio do batismo, somos admitidos à participação de sua graça. Tendo lançado esta proposição básica, Paulo pode mui apropriadamente exortar os cristãos a envidarem todo esforço para que vivam de uma forma que corresponda ao seu chamamento. E irrelevante argumentar se este poder não se evidencia em todos os que são batizados, porquanto Paulo, visto estar falando a crentes, conecta a realidade e o efeito com o sinal externo [—substantiam et effectum externo signo coniungit], segundo sua maneira usual de argumentar. Pois sabemos que pela fé é confirmado e ratificado neles tudo quanto o Senhor oferece por meio do símbolo visível. Em resumo, ele nos ensina em que consiste a verdade do batismo quando corretamente recebido. Assim testifica que todos os gálatas, os quais haviam sido batizados em Cristo, haviam se revestido dele [Gl 3.27]. Devemos usar sempre estes termos quando a instituição do Senhor e a fé dos crentes correspondem, pois jamais possuímos símbolos nus e vazios [=nuda et inania symbola], exceto quando nossa ingratidão e impiedade obstruem a operação da divina munificência.


Pela glória do Pai. Ou seja: pelo esplêndido poder por meio do qual ele declarou-se verdadeiramente glorioso e exibiu a magnificência de sua glória. Por isso, o poder de Deus, na Escritura, que se fez ativo na ressurreição de Cristo, é às vezes apresentado em termos de muita sublimidade, e com sobejas razões. E de grande importância que enalteçamos a Deus, fazendo menção explícita de seu incomparável poder, não apenas por nossa fé na ressurreição final, a qual excede a toda e qualquer percepção da carne, mas também pelos demais benefícios que recebemos da ressurreição de Cristo.

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