7 de ago. de 2010

Quem pode curar o orgulho e a cobiça? - Blaise Pascal

Os filósofos, que não nos podem oferecer nenhum bem, exceto aquele que está dentro de nós? Encontraram eles a cura para nossos males? Curam nossa presunção de nos tornarmos iguais a Deus? Aqueles que nos põem no nível das feras, os muçulmanos, que não nos oferecem nada mais para nosso bem que os prazeres terrenos, mesmo na eternidade, oferecem cura para nossa cobiça?

Então, qual religião nos ensinará a cura do orgulho e da cobiça? Em suma, qual religião nos ensinará o verdadeiro bem, nossas responsabilidades, a fraqueza que nos faz desviar, a causa de nossas fraquezas, o tratamento que cura tudo isso e os meios de alcançar esse tratamento? Nenhuma outra religião conseguiu isso. Vejamos o que a sabedoria de Deus poderá alcançar.

Entrega à soberba

A sabedoria de Deus diz: "Ninguém espera verdade ou consolo de outras pessoas. Fui eu quem formou você. Somente eu ensinei a você ser o que é, mas você não está na mesma condição em que o criei. Criei você santo, inocente, perfeito e lhe concedi esclarecimento e compreensão, mostrei-lhe minha glória e minhas maravilhas. Então, seus olhos contemplaram a majestade de Deus. Você não estava nas trevas que hoje o cegam nem entregue à morte e às misérias que o afligem.

"Mas você não pôde suportar tanta glória sem se entregar à soberba. Você queria tornar-se o centro de si mesmo e viver sem ajuda. Você se afastou de minha regra, pondo-se como igual a mim no desejo de encontrar felicidade para você, então o abandonei à própria sorte. Incitei as criaturas subordinadas a você a se revoltarem contra você e se tornarem suas inimigas, para que você se transformasse como as feras. Você está tão distante de mim que resta apenas um vislumbre de seu autor em seu débil e vago conhecimento.

“Os sentimentos, independentemente da razão e de seus senhores, induziram você a buscar o prazer. Todas as criaturas afligem ou provocam você. Elas o dominam, subjugando forçosamente ou fascinando você com certa esperteza, muito mais terrível e danosa. Essa é a condição do ser humano hoje. Elas retêm um fraco instinto da felicidade da natureza original, mas são lançadas na cegueira e na cobiça de sua natureza posterior".

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